quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Da imitação de Cristo e desprezo de todas as vaidades do mundo

1. Quem me segue não anda nas trevas, diz o Senhor (Jo 8,12). São estas as palavras de
Cristo, pelas quais somos advertidos que imitemos sua vida e seus costumes, se
verdadeiramente queremos ser iluminados e livres de toda cegueira de coração. Seja, pois,
o nosso principal empenho meditar sobre a vida de Jesus Cristo.
2. A doutrina de Cristo é mais excelente que a de todos os santos, e quem tiver seu espírito
encontrará nela um maná escondido. Sucede, porém, que muitos, embora ouçam
frequentemente o Evangelho, sentem nele pouco enlevo: é que não possuem o espírito de
Cristo. Quem quiser compreender e saborear plenamente as palavras de Cristo é-lhe
preciso que procure conformar à dele toda a sua vida.
3. Que te aproveita discutires sabiamente sobre a SS. Trindade, se não és humilde,
desagradando, assim, a essa mesma Trindade? Na verdade, não são palavras elevadas que
fazem o homem justo; mas é a vida virtuosa que o torna agradável a Deus. Prefiro sentir a
contrição dentro de minha alma, a saber defini-la. Se soubesses de cor toda a Bíblia e as
sentenças de todos os filósofos, de que te serviria tudo isso sem a caridade e a graça de
Deus? Vaidade das vaidades, e tudo é vaidade (Ecle 1,2), senão amar a Deus e só a ele
servir. A suprema sabedoria é esta: pelo desprezo do mundo tender ao reino dos céus.
4. Vaidade é, pois, buscar riquezas perecedoras e confiar nelas. Vaidade é também
ambicionar honras e desejar posição elevada. Vaidade, seguir os apetites da carne e
desejar aquilo pelo que, depois, serás gravemente castigado.

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