domingo, 30 de janeiro de 2011

" DANÇA LITURGICA"

http://nossasenhorademedjugorje.blogspot.com/2011/01/danca-liturgica.html

Dança Liturgica n- Padre Mateus Maria

Por várias vezes já escutei o termo "dança Liturgica", como desculpa esfarrapada para justificar a macaquice de certos padres que durante o "sacrifício da Santa Missa", ficam pulando e cantando de forma histérica e desequilibrada no altar, mandando o povo bater palmas, pular e até quase pedindo para rebolar, tudo isto, em momentos que a Santa liturgia, indica o silêncio e o recolhimento.

É triste notar que estes muitos sacerdotes, com ou sem o apoio do bispo diocesano estão totalmente fora da comunhão liturgica da Igreja, e estão fazendo parte de uma Igreja cismática, pois estão criando uma missa Show, uma 'nova liturgia protestante', para se aparecer, ganhar dinheiro, fazer sucesso, agradar a assembléia com homilias que não dizem nada, e depois no fim da Missa, anunciar o seu "CD", dizendo: "compre o CD, louve o Senhor, e estará ajudando a Igreja". Pura balela! Estará ajudando sim, o padre encher o bolso de dinheiro.

Dói muitas vezes escutar e por outras ver, a Santa Missa ser transformada em uma manifestação teatral, em nome da 'inculturação', que para a maldita Teologia da Libertação e para muitos grupos da Renovação Carismática, tornou-se uma abertura para evangelizar, esquecendo-se que a Liturgia Romana, o rito Latino, não inclui a dança no durante o culto liturgico.

Se pode cantar, louvar, com alegria e com muito estusiasmo, mas não se é permitido "dançar", a não ser que seja fora da celebração liturgica. A Santa Liturgia, incorporou posturas, gestos e hinos, que levam a adoração e ao recolhimento contemplativo do Mistério celebrado, incluindo sim movimentos corporais, como por exemplo, genufletir, ajoelhar-se, traçar o sinal da cruz, abrir e fechar os braços e etc.... mas não pular e dançar como se estivesse em uma 'demoteca'.... me desculpem, em uma 'cristoteca'.

Para ser sincero, alguns poderão me chamar antiquadro, quadrado e bitolado, mas não sou eu quem pensa assim, apenas digo o que pensa e diz a Igreja, pois não posso modificar ou alterar os livros liturgicos, e não posso criar uma liturgia que agrade a gregos e troianos.....

Se vai a Santa Missa para 'Culturar a Deus', de forma recolhida, contemplativa, e exteriormente bem vestidos, sem calção de banho, sunga, decotes, mini-saias, camisa regatas, bermudas e etc...

Peço que assistam o vídeo "Perguntas e Respostas" com o Em.mo Sr. Cardeal Arinze, prefeito emérito da Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Ao que sei a entrevista foi filmada em setembro de 2009, filmado em Familyland, Bloomingdale, Ohio, nos Estados Unidos.

Neste vídeo entrevista (que pode ser assistido clicando no link http://nossasenhorademedjugorje.blogspot.com/2011/01/danca-liturgica.html ), o Em.mo Cardeal, diz claramente:

"(...) No que diz respeito à América do Norte e à Europa [e certamente a América do Sul, dada a grande semelhança entre nossas culturas] pensamos que a dança não deveria estar presente na Liturgia de maneira alguma. E as pessoas que estão discutindo a dança litúrgica deveriam usar o seu tempo rezando o Rosário. Ou eles deveria usar o seu tempo lendo um dos documentos do Papa sobre a Sagrada Eucaristia. Nós já temos problemas suficientes. Por que banalizar mais? Por que dessacralizar mais? Já não temos confusão suficiente?" Recomendo que assistam o vídeo inteiro, não irão se arrepender!

Muitos justificam a dança como um ato de louvor e adoração a Deus, dizendo que Davi dançou a frente da Arca da Aliança, correto, mas Davi dançou nú, se humilhando e não se exaltando. Lembro do livro do Apocalipse que relata o episódio dos doze anciãos prostados ante o trono e dizendo: 'Santo, Santo, Santo'. Prostravam-se com suas cabeças ao chão. Essa adoração é diferente de todas que estamos acostumados. Quando algum judeu, que não era levita, tocava na arca ele morria. E aqui temos algo muito mais precioso que a arca da aliança, temos Jesus, presente na Eucaristia. Também penso que ninguém entra dançando na frente de um juiz ou de um governador mundano e nem tocando em suas vestes, dançando para uma festividade. Porém aqui está alguém incomparavelmente superior a um juiz ou a um governador terreno.

Que possamos dar a Glória a Deus com a nossa vida, e de maneira agradavel o nosso louvor.

Pe. Mateus Maria, FMDJ
Prior do Mosteiro Menino Jesus
paniejezuufamtobie@terra.com.br
“ Se vocês se calarem, as pedras falarão!”

( Jesus Cristo)

PALESTRA DE VICKA EM MEDJUGORJE

Esta é uma das palestras de Vicka em Medjugorje:



“As principais mensagens de Nossa Senhora são a oração, a paz, a conversão, a confissão, e o jejum. Nossa Senhora recomenda que nós rezemos todos os dias as três partes do Rosário e jejuemos dois dias na semana a pão e água, às quartas e às sextas-feiras. Outra coisa linda que Nossa Senhora nos recomenda é rezar por uma fé firme e forte. Quando Nossa Senhora diz que devemos rezar, não significa que devemos usar nossos lábio para rezar, mas devemos usar nossos corações. Todos os dias devemos abrir nossos coracões para que a oração possa se tornar alegria para nós. Nossa Senhora nos deu um lindo exemplo quando ela disse: “Queridos filhos, todos vocês têm um vaso de flores em casa. Se vocês todos os dias vocês regarem a flor com algumas gotas de água, vocês verão a planta crescendo, se desenvolvendo e no final haverá uma linda flor.” É quase o mesmo exemplo com nossos coração. Se colocamos todos os dias a quantidade exata de oração em nosso coração, nosso coração crescerá e florirá como uma linda rosa. Mas se não aguarmos por uns dias, veremos brevemente que se parecerá como se nunca tivesse existido antes. A mesma coisa acontece conosco. Quando vem a hora de rezar, podemos dizer: “Hoje estou cansado, farei minhas preces amanhã.” Amanhã e amanhã, nunca encontramos tempo para a oração. E desta maneira, deixamos todas as más influencias entrarem em nosso coração. Nossa Senhora diz: “Queridos filhos, como uma flor não pode viver sem água, vocês também não podem viver sem a graça de Deus. A oração com o coração não se aprende estudando, não se aprende nos livros. Aprende-se pela vivência.” Nós não podemos aprender a rezar com o coração, mas podemos viver a oração com o coração, dando um passo a frente em cada dia. Quando Nossa Senhora fala sobre jejum, não é para os doentes. Nestes dias, eles deveriam desistir de algo que ele gostam muito. Para todos os outros que não têm problemas de saúde, e podemos ainda ouvir suas reclamações sentindo-se fracos, com vertigens, tendo dores de cabeca, dores no estomago ou algo assim, Nossa Senhora disse que isto não é uma questão de saúde, é uma questão de boa vontade. Vocês devem ter boa vontada para tomarem a decisão de jejuar. Nossa Senhora quer nossa conversão completa. Ela diz: “Queridos filhos, quando vocês têm problemas ou doenças, todos pensam que Jesus e eu estamos longe de vocês. Nós estamos sempre muito perto de vocês. Apenas abram seus coracões e então vocês poderão ver o quanto nós os amamos”. Nossa Senhora quer que façamos pequenos sacrifício. Ela ficaria muito, muito feliz se não mais cometêssemos o pecado. Nossa Senhora diz: “Eu estou lhes dando a minha paz e o meu amor para que vocês possam levá-los para seus amigos e para suas famílias”. Nossa Senhora nos dá sua benção e ela reza por todos nós. Nossa Senhora fica muito, muito feliz se rezamos o Terço em nossa família, em nossa comunidade. Ela fica muito, muito feliz quando pais rezam com os filhos e os filhos com o s pais. Deste modo, estando unidos na oração, satanás não pode nos ferir. Nossa Senhora diz que satanás trabalha duro quando ele quer perturbar nossas orações e tirar nossa paz. Nossa Senhora recomenda que rezamos um pouco mais. A arma mais forte em nossas mãos contra satanás é o Rosário. Nossa Senhora recomenda que usemos alguma coisa benta conosco. Poderia ser um pequena coisa abençoada, um Crucifixo ou uma Medalha, qualquer coisa benta para que possamos nos defender mais facilmente de satanás. Nossa Senhora diz que deveríamos colocar a Santa Misa em primeiro lugar porque isto é o mais importante e o mais sagrado. Neste momento, durante a Santa Missa, Jesus, que está vivo, vem a nós. Nossa Senhora quer que, enquanto estivermos na igreja, recebamos Jesus sem qualquer receio, sem qualquer medo. Ela também recomenda a Confissão mensal e diz: “Queridos filhos, não vão à Confissão apenas porque vocês são pecadores, mas vão também para ouvir algum bom conselho de seu sacerdote.” Nossa Senhora estás muito preocupada com os jovens no mundo inteiro. Ela diz: “Queridos filhos, os jovens vivem hoje numa situação muito difícil. Vocês podem ajudá-los apenas com seu amor e com sua oração feita com o coração.” Ela diz: “Queridos jovens, tudo o que o mundo lhes oferece hoje passa. Fiquem atentos. Satanás quer usar cada momento para si.” Vocês podem ver como satanás usa todos o nossos momentos, os momentos quando estamos livres, fracos, e ele quer nos atacar. E ele trabalha especialmente nos jovens, assim como ele quer destruir as nossas famílias. Nossa Senhora diz que estes são os dias de grandes graças. Ela quer que tomemos suas mensagens e comecemos a vivê-las. Nossa Senhora quer que nos tornemos os portadores de sua paz e rezemos pela paz no mundo todo. Mas, primeiro de tudo, Nossa Senhora recomenda que rezemos pela paz em nossos corações, pela paz em nossa família, em nossa comunidade. Depois, quando recebemos a paz em nosso coração, podemos rezar pela paz no mundo. Nossa Senhora diz: “Queridos filhos, se vocês rezam pela paz no mundo, e não têm paz em seus corações, sua oração não tem valor.” Nestes dias, Nossa Senhora recomenda que rezemos mais. Ela nos pede para rezar pelas suas intenções e pelos seus planos. Tomar a Santa Bíblia todo dia, ler umas poucas linhas e vivê-las durante o dia. Nossa Senhora nos pede para rezar pelo Santo Padre, por todos os bispos e sacerdotes, por todo o clero da Igreja porque eles estão muito necessitados de nossas orações. De uma maneira especial, Nossa Senhora nos pede para rezar por um de seus planos que deve ser realizado. Mas a sua maior preocupação, o seu sofrimento, a grande dor do seu Coração é com as famílias e os jovens, porque eles estão numa situação muito difícil hoje. Nossa Senhora diz que ELA tem estado rezando pela paz e recomenda todos a rezarem pela mesma intenção dela e ajudá-la com nossas orações. Esta noite, quando Nossa Senhora aparecer, recomendarei todos vocês e todas as suas intenções. Naquele momento, terei uma aparição à vinte para sete. Abram seus coracões e apresentem à Nossa Senhora todas as suas necessidades e todas as suas intenções. Agora passaremos algum tempo em oração silenciosa, rezando a Nossa Senhora por suas intenções pessoais, assim estaremos unidos em oração. Depois da oração silenciosa, concluiremos nosso encontro rezando um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória no fim do encontro.”

sábado, 29 de janeiro de 2011

ORAÇÃO A SANTA FILOMENA

Ó gloriosa virgem mártir que tão amada fostes por Deus, Santa Filomena, eu me regozijo convosco pelo grande poder que Deus vos conferiu para a glorificação do seu santo Nome, para a edificação da Igreja e para honrar os méritos da vossa vida e da vossa morte.
Eu vos saúdo, ó inocente Filomena, que por amor a Jesus Cristo, conservastes imaculado o lírio da virgindade. Eu vos saúdo ilustre filomena, que vertestes tão generosamente o vosso sangue em defesa da fé. Eu vos saúdo, ó celeste Filomena; Arca da salvação, que operastes tantos e tão grandes prodígios. Amém.

Santa Filomena, rogai por nós.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

NO TOPO DO CALVÁRIO

CORDEIRO DE DEUS (10)
( Ana Catarina Emmerich)


Chegamos ao topo do Calvário, mas não ao topo do sofrimento de Jesus. Sempre tenho me perguntando, o que aconteceria com Jesus se tivesse nascido em nossa época e hoje tivesse 33 anos. Sim, não existe hoje pena de morte por crucificação, entretanto, podem os leitores ter certeza, algum país do mundo, algum povo qualquer, cedo ou tarde acabaria por reinstituí-la, apenas para matar o Divino Cordeiro. Ou seja, podem ter toda a certeza de que, também hoje, o crucificaríamos mais uma vez.

As visões de Ana Catarina, entretanto, não só nos vem mostrar o grau da maldade humana, mas ainda mostrar um pouco da face horrenda do pecado. Porque de fato, não há linguagem humana para traduzir em palavras todos os efeitos e todos os sentimentos, desta suprema prova da bestialidade humana. É que, além do efeito externo que foi mostrado à esta mística singular, seria preciso traduzir em fortes verbos, todas as dores de Nosso Senhor Jesus Cristo. E isso é impossível. Entretanto, sem dúvida, as palavras que você lerá a seguir, produzem uma imagem de poderoso impacto, às quais, até as pedras, se tivessem almas, fariam chorar, e sofrer, junto com Jesus. Quanto a muitos homens, porque tem alma de pedra, estes jamais compreenderão algo sobre estes sofrimentos. Estes preferirão, com plena consciência de sua insensatez, buscar as trevas, rejeitando os méritos infinitos desta Paixão Redentora. Vamos aos textos.

Os carrascos despem Jesus para a crucificação e oferecem-Lhe vinagre

Dirigiram-se então quatro carrascos à masmorra subterrânea, situada a setenta passos ao norte; Jesus rezava todo o tempo a Deus, pedindo força e paciência e oferecendo-se mais uma vez em sacrifício expiatório, pelos pecados dos inimigos. Os carrascos arrancaram-nO para fora e, empurrando, batendo e insultando-O, levaram-nO para o suplício. O povo olhava e insultava; os soldados, frios e altivos, mantinham a ordem, dando-se ares de importância; os carrascos, cheios de raiva sanguinária, arrastaram Jesus brutalmente para o largo do suplício.(...)
Estavam no lugar do suplício dezoito carrascos; os seis que O tinham açoitado, quatro que O conduziram, dois que suspenderam a extremidade da cruz pelas cordas e seis que O deviam crucificar. Parte deles estavam ocupados com Jesus, outros com os ladrões, trabalhando e bebendo alternadamente. Eram homens baixos, robustos, sujos e meio nus, de feições estranhas, cabelo eriçado, barba rala: homens abomináveis e bestiais. Serviam a judeus e romanos por dinheiro.
O aspecto de tudo isso era mais terrível ainda, porque eu via o mal, em figuras visíveis para mim e invisíveis para os outros. Via grandes e hediondas figuras de demônios, agindo entre todos esses homens cruéis; era como se auxiliassem em tudo, aconselhando, passando as ferramentas; havia inúmeras aparições de figuras pequenas e medonhas, de sapos, serpentes e dragões de muitas garras, vi todas as espécies de insetos venenosos voarem em redor e escurecerem o ar.
Entravam na boca e no coração dos assistentes ou pousavam-lhes nos ombros; eram homens cujos corações estavam cheios de pensamentos de ódio e maldade ou que proferiam palavras de maldição e escárnio. Acima do Senhor, porém, vi várias vezes, durante a crucifixão, aparecerem grandes figuras angélicas, que choravam e aparições luminosas, nas quais distingui apenas pequenos rostos. Vi aparecer tais Anjos de compaixão e consolo também sobre a Santíssima Virgem e todos os bons, confortando e animando-os.
Os carrascos tiraram então o manto do Senhor, que lhe tinham antes enrolado em redor do peito; tiraram-Lhe o cinturão, com as cordas e o próprio cinto. Despiram-nO da longa veste de lã branca, passando-a pela cabeça, pois estava aberta no peito, ligada com correias. Depois lhe tiraram a longa faixa estreita, que caia do pescoço sobre os ombros e como não Lhe podiam tirar a túnica sem costuras, por causa da coroa de espinhos, arrancaram-Lhe a coroa da cabeça, reabrindo assim todas as feridas; arregaçando depois a túnica, puxaram-lha, com vis gracejos, pela cabeça ferida e sangrenta.
Lá estava o Filho do Homem, coberto de sangue, de contusões, de feridas fechadas ou outras ainda sangrentas, de pisaduras e manchas escuras. Estava apenas vestido ainda do curto escapulário de lã sobre o peito e costas e da faixa que cingia os rins. O escapulário de lã aderira às feridas secas e estava colado com sangue na nova ferida profunda, que o peso da cruz Lhe fizera no ombro e que Lhe causava um sofrimento indizível. Os carrascos arrancaram-lhe o escapulário impiedosamente do peito e assim ficou Jesus em sangrenta nudez, horrivelmente dilacerado e inchado, coberto de chagas. No ombro e nas costas se Lhe viam os ossos, através das feridas e a lã branca do escapulário ainda estava colada em algumas feridas e no sangue ressecado do peito.
Arrancaram-Lhe então a última faixa de pano da cintura e eis que ficou de todo nu e curvou-se, cheio de confusão e vergonha; e como estava a ponto de cair, sob as mãos dos carrascos, sentaram-nO sobre uma pedra, pondo-Lhe novamente a coroa de espinhos sobre a cabeça e ofereceram-Lhe a beber do outro vaso, que continha vinagre com fel; mas Jesus desviou a cabeça em silêncio.
Quando, porém, os carrascos O pegaram pelos braços, com que cobria a nudez e O levantaram, para estendê-Lo sobre a cruz, ouviram-se gritos de indignação e descontentamento e os lamentos dos amigos por essa vergonha e ignomínia. A Mãe Santíssima suplicou a Deus com ardor; já estava a ponto de tirar o véu da cabeça e, abrindo caminho por entre os carrascos, oferecê-lo ao Divino Filho. Mas Deus ouvira-lhe a oração; pois nesse momento um homem, vindo da porta e correndo todo o caminho com as vestes arregaçadas, atravessou o povo e precipitou-se ofegante entre os carrascos e entregou um pano a Jesus que, agradecendo-lhe, o aceitou e cobriu a nudez, cingindo-O à moda dos orientais, passando a parte mais comprida por entre as pernas e ligando-a com a outra em redor da cintura.
Esse benfeitor do Divino Redentor, enviado para atender à súplica da SS. Virgem, tinha na sua impetuosidade algo de imperioso; ameaçou os carrascos com o punho e disse apenas: “Tomem cuidado de não impedir este homem de cobrir-se”. Não falou com ninguém mais e retirou-se tão rapidamente como tinha vindo. Era Jonadab, sobrinho de São José, da região de Belém, filho daquele irmão a quem José, depois do nascimento de Jesus, empenhara o jumento. (...)
Sentia na alma uma viva indignação contra o ato ignominioso de Cam, que rira da nudez de Noé, embriagado pelo vinho e sentiu-se impelido a correr, como um novo Sem, para cobrir a nudez do lagareiro. Os crucificadores eram os Camitas e Jesus pisava as uvas no lagar, para o vinho novo, quando Jonadab veio cobri-Lo. Essa ação foi o cumprimento de uma figura simbólica do Antigo Testamento e foi mais tarde recompensada, como vi e hei de contar.

Jesus é pregado na cruz

Jesus, imagem viva da dor, foi estendido pelos carrascos sobre a cruz; Ele próprio se sentou sobre ela e eles brutalmente O deitaram de costas. Colocaram-Lhe a mão direita sobre o orifício do prego, no braço direito da cruz e aí lhe amarraram o braço. Um deles se ajoelhou sobre o santo peito, enquanto outro lhe segurava a mão, que se estava contraindo e um terceiro colocou o cravo grosso e comprido, com a ponta limada, sobre essa mão cheia de bênção e cravou-o nela, com violentas pancadas de um martelo de ferro. Doces, e claros gemidos ouviram-se da boca do Senhor; o sangue sagrado salpicou os braços dos carrascos; rasgaram-Lhe os tendões da mão, os quais foram arrastados, com o prego triangular, para dentro do estreito orifício. Contei as marteladas, mas esqueci, na minha dor, esse número. A Santíssima Virgem gemia baixinho e parecia estar sem sentidos exteriormente; Madalena estava desnorteada.
As verrumas eram grandes peças de ferro, da forma de um T; não havia nelas nada de madeira. Também os pesados martelos eram, como os cabos, de ferro e todos de uma peça inteiriça; tinham quase a forma dos martelos de pau que os marceneiros usam entre nós, trabalhando com formão.
Os cravos, cujo aspecto fizera tremer Jesus, eram de tal tamanho que, seguros pelo punho, excediam em baixo e em cima cerca de uma polegada. Tinham cabeça chata, da largura de uma moeda de cobre, com uma elevação cônica no meio. Tinham três gumes; na parte superior tinham a grossura de um polegar e na parte inferior a de um dedo pequeno; a ponta fora aguçada com uma lima; cravados na cruz, vi-lhes a ponta sair um pouco do outro lado dos braços da cruz.
Depois de terem pregado a mão direita de Nosso Senhor, viram os crucificadores que a mão esquerda, que tinham também amarrado ao braço da cruz, não chegava até o orifício do cravo, que tinham perfurado a duas polegadas distante das pontas dos dedos. Por isso ataram uma corda ao braço esquerdo do Salvador e, apoiando os pés sobre a cruz, puxaram a toda força, até que a mão chegou ao orifício do cravo. Jesus dava gemidos tocantes, pois deslocaram-Lhe inteiramente os braços das articulações; os ombros, violentamente distendidos, formavam grandes cavidades axilares, nos cotovelos se viam as junturas dos ossos.
O peito levantou-se-Lhe e as pernas encolheram-se sobre o corpo. Os carrascos ajoelharam-se sobre os braços e o peito, amarraram-lhe fortemente os braços e cravaram-Lhe então cruelmente o segundo prego na mão esquerda; jorrou alto o sangue e ouviram-se os agudos gemidos de Jesus, por entre as pancadas do pesado martelo. Os braços do Senhor estavam tão distendidos, que formavam uma linha reta e não cobriam mais os braços da cruz, que subiam em linha oblíqua; ficava um espaço livre entre esses e as axilas do Divino Mártir.(...)
Todo o corpo de nosso Salvador tinha-se contraído para o alto da cruz, pela violenta extensão dos braços e os joelhos tinham-se-Lhe dobrados. Os carrascos lançaram-se então sobre esses e, por meio de cordas, amarraram-nos ao tronco da cruz; mas pela posição errada dos orifícios dos cravos, os pés ficavam longe da peça de madeira que os devia suportar. Então começaram os carrascos a praguejar e insultar. Alguns julgavam que se deviam furar outros orifícios para os pregos das mãos; pois mudar o suporte dos pés era difícil.
Outros fizeram horrível troça de Jesus: “Ele não quer estender-se, disseram, mas nós Lhe ajudaremos”. Atando cordas à perna direita, puxaram-na com horrível violência, até o pé tocar no suporte e amarraram-na à cruz. Foi uma deslocação tão horrível, que se ouvia estalar o peito de Jesus, que gemia alto: “Ó meu Deus! Meu Deus!” Tinham-Lhe amarrado também o peito e os braços, para os pregos não rasgarem as mãos; o ventre encolheu-se-Lhe inteiramente, as costelas pareciam a ponto de destacar-se do esterno. Foi uma tortura horrorosa.
Amarraram depois o pé esquerdo com a mesma brutal violência, colocando-o sobre o pé direito e como os pés não repousavam com bastante firmeza sobre o suporte, para serem pregados juntos, perfuraram primeiro o peito do pé esquerdo com um prego mais fino e de cabeça mais chata do que os cravos, como se fura a sovela. Feito isso, tomaram o cravo mais comprido que o das mãos, o mais horrível de todos e, passando-o brutalmente pelo furo feito no pé esquerdo, atravessaram-lhe a marteladas o direito, cujos ossos estalavam, até o cravo entrar no orifício do suporte e, através desse, no tronco da cruz. Olhando de lado a cruz, vi como o prego atravessou os dois pés.
Essa tortura era a mais dolorosa de todas, por causa da distensão de todo o corpo. Contei 36 golpes de martelo, no meio dos gemidos claros e penetrantes do pobre Salvador; as vozes em redor, que proferiam insultos e maldições, pareciam-me sombrias e sinistras.
(...) Os gemidos que a dor arrancava de Jesus, misturavam-se com contínua oração; recitava trechos dos salmos e dos profetas, cujas predições nessa hora cumpria; em todo o caminho da cruz, até à morte, não cessava de rezar assim e de cumprir as profecias. Ouvi e rezei com Ele todas essas passagens e às vezes me lembro delas, quando rezo os salmos; mas fiquei tão acabrunhada com o martírio de meu Esposo celeste, que não sei mais juntá-las. - Durante esse horrível suplício, vi Anjos a chorar aparecerem acima de Jesus.
O comandante da guarda romana fizera pregar no alto da cruz a tábua, com o título que Pilatos escrevera. Os fariseus estavam indignados porque os romanos se riam alto do título “Rei dos judeus”. Por isso voltaram alguns fariseus à cidade, depois de ter tomado medida para uma outra inscrição, para pedir a Pilatos novamente outro título.
(...) Pela posição do sol era cerca de doze horas e um quarto, quando Jesus foi crucificado. No momento em que elevaram a cruz, ouviu-se do Templo o soar de muitas trombetas: Era a hora em que imolavam o cordeiro pascal.

Elevação da cruz

Depois de terem pregado Nosso Senhor à cruz, ataram cordas na parte superior da mesma, por meio de argolas, lançaram as cordas sobre o cavalete antes erigido no lado oposto e puxaram a cruz pelas cordas, de modo que a parte superior se lhe ergueu; alguns se dirigiram com paus munidos de ganchos, que fincaram no tronco e fizeram o pé da cruz entrar na cova. Quando o madeiro chegou à posição vertical, entrou na escavação com todo o peso e tocou no fundo com um terrível choque.
A cruz tremeu do abalo e Jesus soltou um grito de dor; pelo peso vertical desceu-lhe o corpo, as feridas alargaram-se-Lhe, o sangue corria mais abundantemente e os ossos deslocados entrechocaram-se. Os carrascos ainda sacudiram a cruz, para a por mais firme e fincaram cinco cunhas na cova, em redor da cruz: uma na frente, uma do lado direito, outra à esquerda e duas atrás, onde o madeiro estava um pouco arredondado.
(...) Quando, porém, o madeiro erguido com estrondo, entrou na respectiva cova, houve um momento de silêncio solene; todo o mundo parecia experimentar uma sensação nova, nunca até então sentida. O próprio inferno sentiu assustado o choque do lenho sobre a rocha e levantou-se contra ele, redobrando nos seus instrumentos humanos o seu furor e os insultos. Nas almas do purgatório e do limbo, porém, causou alegria e esperança: soava-lhes como o bater do triunfador às portas da Redenção. A santa Cruz estava pela primeira vez plantada no meio da terra, como aquela árvore da vida no Paraíso, e das chagas dilatadas do Cristo corriam quatro rios santos sobre a terra, para expiar a maldição, que pesava sobre ela e para fertilizar e a tornar um paraíso do novo Adão.
Quando nosso Salvador foi elevado na cruz e os gritos de insulto foram interrompidos por alguns minutos de silencioso espanto, ouvia-se do Templo o som de muitas trombetas, que anunciavam o começo da imolação do cordeiro pascal, do símbolo, interrompendo de um modo solene e significativo os gritos de furor e de dor, em redor do verdadeiro Cordeiro de Deus, imolado na cruz. Muitos corações endurecidos foram abalados e pensaram nas palavras do precursor, João Batista: “Eis aí o Cordeiro de Deus, que tomou sobre si os pecados do mundo”.
O lugar onde fora plantada a cruz (1), estava elevado cerca de dois pés acima do terreno em redor. Quando a cruz ainda se achava fora da cova, estavam os pés de Jesus à altura de um homem, mas depois de introduzida na respectiva escavação, podiam os amigos chegar aos pés do Mestre, para os abraçar e beijar. Havia um caminho para essa elevação. O rosto de Jesus estava virado para nordeste.

(1) Aqui cabe uma outra explicação interessante, consta no Livro Mística Cidade de Deus de Madre Maria D’Agreda. Este exato local do buraco da Cruz foi exatamente o mesmo onde, há quase dois mil anos antes, Abraão havia erguido o altar para oferecer Isaac, em sacrifício, por obediência a Deus, conforme está em Gênesis 22,9.

A crucificação dos ladrões

Durante a crucifixão do Senhor jaziam os ladrões, de costas, com as mãos ainda amarradas aos madeiros transversais das cruzes, que tinham sobre a nuca, ao lado do caminho, na encosta oriental do Calvário; estava com eles uma guarda. (...) O ladrão do lado esquerdo era o mais velho e grande criminoso, o sedutor e mestre do outro. Geralmente são chamados Dimas e Gesmas; esqueci-lhes os nomes verdadeiros; vou chamar, por isso, ao bom Dimas e ao mau Gesmas.
Ambos pertenciam à quadrilha de salteadores que, nas fronteiras do Egito, tinham dado agasalho à Sagrada Família, com o menino Jesus, na fuga para o Egito. Dimas fora o menino morfético que, a conselho de Maria, fora lavado pela mãe na água em que o menino Jesus se tinha banhado e que ficara curado no mesmo instante. A caridade e a proteção que a mãe proporcionara à Sagrada Família, fora recompensada naquela ocasião pela cura simbólica, que se realizou na cruz, quando foi limpo pelo sangue de Jesus. Dimas caíra em muitos crimes, mas não era perverso; não conhecia Jesus, a paciência do Senhor comoveu-o. (...)
Os braços dos condenados foram amarrados aos madeiros transversais; ataram-lhes os pulsos e cotovelos, como também os joelhos e os pés à cruz e apertaram-nos com tanta violência, torcendo as cordas por meio de paus, que os ossos estalavam e o sangue lhes esguichou dos músculos. Os infelizes soltaram gritos horríveis e Dimas, o bom ladrão, disse: “Se nos tivésseis tratado como a este Galileu, não teríeis mais o trabalho de puxar-nos aqui para cima”.

Os carrascos tiram à sorte as vestes de Jesus

Os carrascos juntaram as vestes de Jesus no lugar onde tinham jazido os ladrões e fizeram delas vários lotes, para tirar à sorte. O manto era mais largo em baixo do que em cima e tinha várias pregas; sobre o peito estava dobrado e formava assim bolsos. Rasgaram-no em várias tiras, como também a longa veste branca, aberta no peito, onde havia correias para atá-la e distribuíram-nas pelos lotes; assim fizeram também várias partes da faixa de pano que vestia em volta do pescoço, do cinto, do escapulário e do pano com que cobria o corpo; todas essas vestes estavam ensopadas do sangue de Nosso Senhor.
Como, porém, não chegaram a um acordo a respeito da túnica sem costuras, que, rasgada em partes, não serviria mais para nada, tomaram uma tabuleta com algarismos e dados em forma de favas, com marcas, que trouxeram consigo e jogando esses dados, tiraram à sorte a túnica. Viu-lhes, porém, um mensageiro de Nicodemos e José de Arimatéia, dizendo-lhe que ao pé do Calvário havia quem quisesse comprar as vestes de Jesus; juntaram então depressa todas as vestes e, correndo para baixo, venderam-nas; assim ficaram essas relíquias com os cristãos.

Jesus crucificado e os ladrões

Depois do violento choque da cruz, a cabeça de Jesus, coroada de espinhos, foi fortemente abalada e derramou grande abundância de sangue; também das chagas das mãos e dos pés correu o sangue em torrentes. Os carrascos subiram então pelas escadas e desataram as cordas com que tinham amarrado o santo corpo, para que o abalo não o fizesse cair. O sangue, cuja circulação fora quase impedida pela forte pressão das cordas e pela posição horizontal, afluiu-Lhe então de novo por todo o corpo e as chagas, renovando todas as dores e causando-Lhe um forte atordoamento. Jesus deixou cair a cabeça sobre o peito e ficou suspenso como morto, cerca de sete minutos.
Houve um momento de calma. Os carrascos estavam ocupados em repartir as vestes de Jesus; o som das trombetas perdia-se no ar, todos os assistentes estavam exaustos de raiva ou de dor. Olhei, cheia de susto e compaixão, para meu Jesus, meu Salvador, a Salvação do mundo; vi-O imóvel, desfalecido de dor, como morto e eu também estava à morte; pensava antes morrer do que viver. (...)
A cabeça de Jesus, com a horrível coroa, com o sangue que Lhe enchia os olhos, os cabelos, a barba e a boca ardente, meio entreaberta, tinha caído sobre o peito e também mais tarde só podia levantar-se com indizível tortura, por causa da larga coroa de espinhos.
O peito do Divino Mártir estava violentamente dilatado e alçado; os ombros, os cotovelos e os pulsos distendidos até saírem fora das articulações; o sangue corria-Lhe das largas feridas das mãos sobre os braços; o peito levantado deixava em baixo uma cavidade profunda; o ventre estava encolhido e diminuído; como os braços, estavam também as coxas e pernas horrivelmente deslocadas.
Os membros estavam tão horrivelmente distendidos e os músculos e a pele a tal ponto esticados, que se podiam contar os ossos. O sangue escorria-Lhe em redor do enorme prego que Lhe traspassava os pés sagrados, regando a árvore da cruz.
O santo corpo estava todo coberto de chagas, pisaduras vermelhas, manchas amarelas, pardas e roxas, inchaços e lugares escoriados.
As feridas reabriram-se, pela violenta distensão dos músculos e sangravam em vários lugares; o sangue que corria, era a princípio ainda vermelho, mas pouco a pouco se tornou pálido e aquoso e o santo corpo cada vez mais branco; por fim. tomou a cor de carne sem sangue.
Mas, apesar de toda essa cruel desfiguração, o corpo de Nosso Senhor na cruz tinha um aspecto extremamente nobre e comovedor; na verdade, o Filho de Deus, o Amor Eterno, que se sacrificou no tempo, permaneceu belo, puro e santo nesse corpo do Cordeiro pascal moribundo, esmagado pelo peso dos pecados de toda a humanidade.
(...) Agora, porém, o cabelo fora arrancado em grande parte, o resto colado com sangue; o corpo era uma só chaga, o peito estava como que despedaçado, o ventre escavado e encolhido; em vários lugares se viam as costelas, através da pele lacerada; todo o corpo estava de tal modo distendido e alongado, que não cobria mais inteiramente o tronco da cruz.
(...) Um dos ladrões rezava, o outro insultava Jesus que, olhando para baixo, disse algo a Dimas. O aspecto dos ladrões na cruz era horrendo, especialmente o do que ficava à esquerda, criminoso enraivecido, embriagado, de cuja boca só saiam insultos e maldições. Os corpos, pendentes da cruz, estavam horrivelmente deslocados, inchados e cruelmente amarrados. Os rostos tornaram-se-lhes roxos e pardos, os lábios escuros, tanto da bebida, como da pressão do sangue; os olhos inchados e vermelhos, quase a sair das órbitas. Soltavam gritos e uivos de dor, que lhes causavam as cordas; Gesmas praguejava e blasfemava. (...)

Primeira palavra de Jesus na cruz

Depois de crucificar os ladrões e de repartir as vestes do Senhor, juntaram os carrascos todos os instrumentos e ferramentas e, insultando e escarnecendo mais uma vez a Jesus, foram-se embora. Também os fariseus, que ainda estavam, montaram nos cavalos e passando diante de Jesus, dirigiram-lhe muitas palavras insultuosas e seguiram para a cidade. (...)
Quando Jesus ainda pendia desmaiado, disse Gesmas, o ladrão à esquerda: “O demônio abandonou-O”. Um soldado fincou então uma esponja embebida em vinagre sobre a ponta de uma vara e chegou-a aos lábios de Jesus, que pareceu chupar um pouco. As zombarias continuavam. O soldado disse: “Se és o rei dos judeus, salva-te”. Tudo isso se deu enquanto o destacamento anterior era substituído pelo de Abenadar.
Jesus levantou um pouco a cabeça e disse: “Meu Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem”; depois continuou a rezar em silêncio. Então gritou Gesmas: “Se és o Cristo, salva-te a ti e a nós”. Escarneciam-nO sem cessar; mas Dimas, o ladrão da direita, ficou muito comovido, ouvindo Jesus rezar pelos inimigos. (...)
Dimas, o bom ladrão, obteve pela oração de Jesus uma Iluminação Interior, no momento em que a Santíssima Virgem se aproximou. Reconheceu em Jesus e em Maria as pessoas que o tinham curado, quando era criança e exclamou em voz forte e distinta: “O que? É possível que insulteis Àquele que reza por vós? Ele se cala, sofre com paciência, reza por vós e vós o cobris de escárnio? Ele é um profeta, é nosso rei, é o Filho de Deus”. A essa inesperada repreensão da boca de um miserável assassino, suspenso na cruz, deu-se um tumulto entre os escarnecedores; apanhando pedras, quiseram apedrejá-lo ali mesmo. Mas o centurião Abenadar não o permitiu; mandou dispersá-los e restabeleceu a ordem.
(...) Tudo que acabo de contar agora, se deu pela maior parte ao mesmo tempo ou sucessivamente, entre as doze horas e doze e meia, pelo sol, alguns minutos depois da exaltação da cruz. Mas daí a pouco mudaram rapidamente os sentimentos nos corações da maior parte dos assistentes; pois enquanto o bom ladrão ainda estava falando, eis que se deu na natureza um fenômeno extraordinário, que encheu de pavor todos os corações.

Eclipse do sol. Segunda e terceira palavra de Jesus na cruz

Até pelas 10 horas, quando Pilatos pronunciou a sentença, caíra várias vezes chuva de pedra; depois, até às 12 horas, o céu estava claro e havia sol; mas depois do meio dia, apareceu uma neblina vermelha, sombria, diante do sol. Pela sexta hora, porém, ou como vi pelo sol, mais ou menos às doze e meia, (a maneira dos judeus de contar as horas é diferente da nossa) houve um eclipse milagroso do sol.
Vi como isso se deu, mas infelizmente não pude guardá-lo na memória e não tenho palavras para o exprimir. A princípio fui transportada como para fora da terra; vi muitas divisões no firmamento e os caminhos dos astros, que se cruzavam de modo maravilhoso. Vi a lua do outro lado da terra; vi-a voar rapidamente ou dar um salto, como um globo de fogo; depois me achei novamente em Jerusalém e vi a lua aparecer sobre o monte das Oliveiras, cheia e pálida, - o sol estava velado pelo nevoeiro, - e ela se moveu rapidamente do oriente, para se colocar diante do sol.
No começo vi, no lado oriental do sol, uma lista escura, que tomou em pouco tempo a forma de uma montanha, cobrindo-o depois inteiramente. O disco do sol parecia cinzento escuro, rodeado de um círculo vermelho, como uma argola de ferro em brasa. O céu tornou-se escuro; as estrelas tinham um brilho vermelho.
Um pavor geral apoderou-se dos homens e dos animais, o gado fugiu mugindo, as aves procuravam um esconderijo e caiam em bandos sobre as colinas em redor do Calvário; podiam-se apanhá-las com as mãos. Os zombadores começaram a calar-se; os fariseus tentavam explicar tudo como fenômeno natural, mas não conseguiram acalmar o povo e eles mesmos ficaram interiormente apavorados. Todo o mundo olhava para o céu; muitos batiam no peito e, torcendo as mãos, exclamavam: “Que o seu sangue caia sobre os seus assassinos”. Muitos, de perto e de longe, caíram de joelhos, pedindo perdão a Jesus, que no meio das dores volvia os olhos para eles.
A escuridão aumentava, todos olhavam para o céu e o Calvário estava deserto; ali permaneciam apenas a Mãe de Jesus e os mais íntimos amigos; Dimas, que estivera mergulhado em profundo arrependimento, levantou com humilde esperança o rosto para o Salvador e disse: “Senhor, fazei-me entrar num lugar onde me possais salvar; lembrai-vos de mim, quando estiverdes no vosso reino”. Jesus respondeu-lhe: “Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso”.
A Mãe de Jesus, Madalena, Maria de Cléofas, Maria Helí e João estavam entre as cruzes dos ladrões, em redor da cruz de Jesus, olhando para Nosso Senhor. A Santíssima Virgem, em seu amor de mãe, suplicava interiormente a Jesus que a deixasse morrer com Ele. Então olhou o Senhor com inefável ternura para a Mãe querida e, volvendo os olhos para João, disse à Maria: “Mulher, eis aí o teu filho; será mais teu filho do que se tivesse nascido de ti”. Elogiou ainda João, dizendo: “Ele teve sempre uma fé sincera e nunca se escandalizou, a não ser quando a mãe quis que fosse elevado acima dos outros”. A João, porém, disse: “Eis aí tua Mãe!” João abraçou com muito respeito, como um filho piedoso, a Mãe de Jesus, que se tinha tornado também sua Mãe, sob a cruz do Redentor moribundo. (...)
Não sei se Jesus pronunciou alto todas essas palavras; percebi-as interiormente, quando, antes de morrer, entregou Maria Santíssima, como Mãe, ao Apóstolo querido e este, como filho, a sua Mãe. Em tais contemplações se percebem muitas coisas, que não foram escritas; é pouco apenas o que pode exprimir a língua humana. (...)
Estado da cidade e do Templo durante o eclipse do sol

Eram mais ou menos duas horas e meia, quando fui conduzida à cidade, para ver o que lá se passava. Encontrei-a cheia de pavor e consternação; as ruas em trevas, cobertas de nevoeiro; os homens erravam cá e lá, às apalpadelas; muitos estavam prostrados por terra, nos cantos, com a cabeça coberta, batendo no peito; outros olhavam para o céu ou estavam sobre os telhados, lamentando-se.
Os animais mugiam e escondiam-se, os pássaros voavam baixo e caiam. Vi que Pilatos fizera uma visita a Herodes e que estavam consternados, no mesmo terraço do qual Herodes, de manhã, assistira ao escárnio de que Jesus fora alvo. “Isto não é natural”, disseram, “excederam-se nos maus tratos infligidos ao Nazareno”. Vi-os depois irem juntos ao palácio de Pilatos, atravessando o fórum; ambos estavam muito assustados, indo a passos apressados e cercados de soldados.
Pilatos não ousou olhar para o lado do Gábata, o tribunal donde tinha pronunciado a sentença contra Jesus. O fórum estava deserto; aqui e acolá alguns homens voltavam apressadamente para casa, outros passavam chorando.
Juntavam-se também alguns grupos de povo nas praças públicas. Pilatos mandou chamar os anciãos do povo ao palácio e perguntou-lhes o que significavam aquelas trevas; disse-lhes que as tomava por um sinal de desgraça iminente; o Deus dos judeus parecia estar irado porque haviam exigido à força a morte do galileu, que certamente era profeta e rei dos judeus; enquanto ele, Pilatos, não tinha culpa, lavara, as mãos, etc.
Os judeus, porém, ficaram endurecidos, queriam explicar tudo como fenômeno comum e não se converteram. Converteu-se, contudo, muita gente, entre outros também todos os soldados que, na véspera, tinham caído por terra e se levantado, quando prenderam Jesus no monte das Oliveiras.
No entanto juntou-se uma multidão de povo diante do palácio de Pilatos e onde de manhã tinham gritado: “Crucifica-o! crucifica-o!”, gritavam agora: “Fora o juiz injusto! Que o sangue do Crucificado caia sobre os seus assassinos!”. Pilatos viu-se obrigado a rodear-se de guardas. Zodóc, que, de manhã, quando Jesus fora conduzido ao pretório, lhe proclamara alto a inocência, agitou-se e falou com tal energia diante do palácio, que Pilatos esteve a ponto de mandá-lo prender. Pilatos, o miserável desalmado, atribuiu toda a culpa aos judeus: disse que não tinha nada com isso, que Jesus era o rei, o profeta, o Santo dos judeus, a quem estes tinham levado à morte e nada tinha com Ele, nem lhe cabia culpa; os próprios judeus é que lhe tinham exigido a morte, etc”..
No Templo reinava extremo susto e terror. Estavam ocupados na imolação do cordeiro pascal, quando veio de repente a escuridão. Tudo estava em confusão e aqui e acolá se ouviam gritos angustiantes. Os príncipes dos sacerdotes fizeram tudo para conservar a calma e a ordem: fizeram acender todas as lâmpadas, apesar de ser meio dia, mas a confusão crescia cada vez mais.
Vi Anás preso de susto e terror; corria de um canto a outro, para se esconder. Quando tornei a sair da cidade, ouvi as grades das janelas das casas tremerem, sem haver tempestade. A escuridão crescia cada vez mais. Na parte exterior da cidade, ao noroeste, perto do muro, onde havia muitos jardins e sepulturas, desabaram algumas entradas de sepulcros, como se houvesse um tremor de terra.

Abandono de Jesus. A quarta palavra de Jesus na cruz

Sobre o Gólgota fizeram as trevas uma impressão terrível. A horrorosa fúria dos carrascos, os gritos e maldições na elevação da cruz, os uivos dos ladrões ao serem amarrados ao madeiro, os insultos dos fariseus a cavalo, o revezar dos soldados, a barulhenta partida dos carrascos embriagados, tudo isso diminuíra a princípio um pouco o efeito das trevas. (...)
Os fariseus, ocultando o terror, ainda procuravam explicar tudo pelas leis naturais, mas baixavam cada vez mais a voz e afinal quase não ousavam mais falar; de vez em quando ainda proferiam uma palavra insolente, mas soava um tanto forçada. O disco do sol estava meio escuro, como uma montanha ao luar; estava rodeado de um anel vermelho. As estrelas tinham um brilho rubro; os pássaros caiam sobre o Calvário e nas vinhas vizinhas entre os homens e deixavam-se pegar com a mão; os animais dos arredores mugiam e tremiam; os cavalos e jumentos dos fariseus apertavam-se uns de encontro aos outros, baixando as cabeças. O nevoeiro úmido envolvia tudo.
Em redor da cruz reinava silêncio; todos se tinham afastado, muitos fugiram para a cidade. O Salvador, naquele infinito martírio, mergulhado no mais profundo abandono, dirigindo-se ao Pai celestial, rezava pelos inimigos, impelido pelo amor. Rezava, como durante toda a Paixão, recitando versos de salmos que nEle se cumpriam. Vi figuras de Anjos em redor dEle.
Quando, porém, a escuridão cresceu e o terror pesava sobre todas as consciências e todo o povo estava em sombrio silêncio, ficou Jesus abandonado de todos e privado de toda a consolação. Sofria tudo quanto sofre um pobre homem, aflito e esmagado pelo absoluto abandono, sem consolação divina ou humana, quando a fé, a esperança e a caridade, privadas de iluminação e consolo, de visível assistência, ficam sozinhas no deserto da provação, vivendo de si mesmas, num infinito martírio. Tal sofrimento não se pode exprimir.
Nessa tortura moral, Jesus nos alcançou a força de resistirmos na extrema miséria do abandono, quando se rompem todos os laços e relações com a existência e a vida terrena com o mundo e a natureza em que vivemos, quando se desfazem também as perspectivas que esta vida em si nos abre, para outra existência; nessa provação venceremos, se unirmos nosso abandono com os merecimentos do abandono de Jesus na cruz. (...)
Jesus, inteiramente desamparado e abandonado, ofereceu-se, como faz o amor, a si mesmo por nós, fez até do abandono um riquíssimo tesouro; pois se ofereceu, com toda sua vida, seus trabalhos, amor e sofrimento e a dolorosa experiência de nossa ingratidão, ao Pai celestial, por nossa fraqueza e pobreza. Fez testamento diante de Deus e ofereceu todos os seus merecimentos à Igreja e aos pecadores. (...)
E testemunhou por um grito a dor do abandono, dando assim a todos os aflitos, que reconhecem a Deus por Pai, a liberdade de uma queixa cheia de confiança filial. Pelas três horas, Jesus exclamou em alta voz: “Eli, Eli, lama Sabachtani!”, o que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?”
Quando esse grito de Nosso Senhor interrompeu o angustiante silêncio que reinava em redor da cruz, os escarnecedores se voltaram novamente para Ele e um deles disse: “Ele chama Elias”, e outro: “Vamos ver, se Elias vem ajudá-Lo a descer da cruz”. Quando, porém, Maria ouviu a voz do Filho, nada mais pôde retê-la; voltou para junto da cruz, seguida por João, Maria, filha de Cleofas, Madalena e Salomé.
Enquanto o povo tremia e gemia, vinha passando perto um grupo de cerca de trinta homens a cavalo, notáveis da Judéia e da região de Jope, que tinham vindo para a festa; e quando viram Jesus tão horrivelmente tratado e os sinais ameaçadores que se mostravam na natureza, exprimiram em alta voz o horror que sentiam, exclamando: “Ai! desta cidade abominável! Se nela não estivesse o Templo, devia-se destruí-la a fogo, por se ter tornado culpada de tanta iniqüidade”. (...)
Logo depois das três horas, o céu começou a clarear-se; a lua afastou-se gradualmente do sol, para o lado oposto àquele de que viera. O sol reapareceu, sem brilho, ainda vedado pelo nevoeiro vermelho e a lua ia descendo rapidamente para o outro lado, como se caísse. Pouco a pouco o sol readquiriu mais claridade e as estrelas desapareceram; contudo o dia ainda permanecia sombrio. A medida que reaparecia a luz, tornavam-se os inimigos escarnecedores mais arrogantes; foi nessa ocasião que disseram: “Ele chama Elias”. Abenadar, porém, impôs-lhes silêncio e manteve a ordem.

Quinta, Sexta e Sétima palavras de Jesus na cruz. Morte de Jesus

Quando a luz voltou, surgiu o corpo de Nosso Senhor, pálido, extenuado, como que inteiramente desfalecido, mais branco do que antes, por causa da grande perda de sangue. Jesus disse ainda, não sei se o percebi só interiormente ou se Ele o disse a meia voz: “Sou espremido como as uvas, que foram pisadas aqui pela primeira vez; devo dar todo o meu sangue, até sair água e o bagaço ficar branco; mas não se fará mais vinho neste lugar”.
Mais tarde vi, numa visão a respeito dessas palavras, que foi nesse lugar que Jafé pela primeira vez pisou as uvas, para fazer vinho, como hei de contar mais tarde.
Jesus consumia-se de sede e disse com a língua seca: “Tenho sede”. E como os amigos o olhassem com tristeza,disse-lhes: “Não me podíeis dar um gole de água?” Queria dizer que durante a escuridão ninguém os teria impedido. João, muito incomodado, respondeu: “Senhor, esquecemo-lo mesmo”. Jesus disse ainda algumas palavras, cujo sentido era: “Também os amigos mais íntimos deviam esquecer-se e não me dar a beber, para que se cumprisse a Escritura”. Mas esse esquecimento Lhe doeu amargamente. (...)
Nosso Senhor ainda disse algumas palavras de exortação ao povo; lembro-me apenas que disse: “Quando minha voz não se fizer mais ouvir, falará a boca dos mortos”; ao que alguns gritaram: “Ainda continua blasfemando”. Abenadar, porém, os mandou calar.
Tendo chegado a hora da agonia, Nosso Senhor lutou com a morte e um suor frio cobriu-lhe os membros. João estava sob a cruz e enxugou-Lhe os pés com o sudário. (...)
Então disse Jesus: “Tudo está consumado!” e, levantando a cabeça, exclamou em alta voz: “Meu Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito”. Foi um grito doce e forte, que penetrou o Céu e a terra; depois inclinou a cabeça e expirou. Vi a alma de Jesus, em forma luminosa, entrar na terra, ao pé da cruz e descer ao Limbo. João e as santas mulheres prostraram-se com a face na terra.
O centurião Abenadar, árabe de nascimento, depois, como discípulo, batizado com o nome de Ctesifon, desde que oferecera o vinagre a Jesus, ficara a cavalo junto à elevação onde estavam erigidas as cruzes, de modo que o cavalo tinha as patas dianteiras mais no alto. Profundamente abalado, entregue à sérias reflexões, contemplava incessantemente o semblante de Nosso Senhor, coroado de espinhos. O cavalo baixara assustado a cabeça e Abenadar, cujo orgulho estava domado, não puxava mais as rédeas.
Nesse momento pronunciou o Senhor as últimas palavras, em voz alta e forte e morreu dando um grito, que penetrou o Céu, a terra e o inferno. A terra tremeu e o rochedo fendeu-se, deixando uma larga abertura entre a cruz do Senhor e a do ladrão à esquerda. O testemunho que Deus deu de seu Filho, abalou com susto e terror a natureza enlutada. Estava consumado! A alma de Nosso Senhor separou-se do corpo e ao grito de morte do Redentor moribundo estremeceram todos que O ouviram, junto com a terra que, tremendo, reconheceu o Salvador; os corações amigos, porém, foram transpassados pela espada da dor.
Foi então que a graça desceu à alma de Abenadar; estremeceu emocionado, cederam-lhe as paixões e o coração orgulhoso e duro, fendeu-se-lhe como o rochedo do Calvário. Lançou longe de si a lança, bateu no peito com força e exclamou alto, com a voz de um homem novo: “Louvado seja Deus, Todo-poderoso, o Deus de Abraão e Jacó! Este era um homem justo; em verdade, Ele é o Filho de Deus!”. E muitos dos soldados, tocados pela palavra do centurião, fizeram o mesmo.
(...) Grande espanto apoderou-se dos assistentes, ante o grito de morte de Jesus, quando a terra tremeu e o rochedo do Calvário se fendeu. - Esse terror fez-se sentir em toda a natureza; pois rasgou-se o véu do Templo, muitos mortos saíram das sepulturas, desabaram algumas paredes do Templo, ruíram muitos edifícios e desmoronaram montes em muitas regiões da terra.
(...) Quando Jesus, cheio de amor, Senhor de toda a vida, pagou pelos pecadores a dolorosa dívida da morte; quando entregou, como homem, a alma a Deus seu Pai e abandonou o corpo, tomou esse santo vaso esmagado a fria e pálida cor da morte; o corpo tremeu-Lhe convulsivamente nas últimas dores e tornou-se lívido e os vestígios do sangue derramado das chagas ficaram mais escuros e distintos. O rosto alongou-se, as faces encolheram-se, o nariz ficou mais delgado e pontiagudo, o queixo caiu, os olhos, cheios de sangue e fechados, abriram-se, meio envidraçados.
O Senhor levantou pela última vez e por poucos momentos a cabeça, coroada de espinhos e deixou-a depois cair sobre o peito, sob o peso dos sofrimentos. Os lábios lívidos e contraídos entreabriram-se, deixando ver a língua ensangüentada. As mãos, antes fechadas sobre a cabeça dos cravos, abriram-se; estenderam-se os braços, as costas entesaram-se ao longo da cruz e todo o peso do santo corpo desceu sobre os pés. Os joelhos curvaram-se, tornando para um lado e os pés viraram-se um pouco em redor do prego que os trespassara. (...)
A luz do sol ainda era sombria e nebulosa. O tremor de terra foi acompanhado de calor sufocante; mas seguiu-se-lhe depois um frio sensível. O corpo de Nosso Senhor morto, na cruz, causava um sentimento de respeito e estranha comoção. Os ladrões pendiam em horríveis contorções, como embriagados. Ambos estavam no fim calados; Dimas rezava.
Era pouco depois das três horas, quando Jesus expirou. Passado o primeiro terror causado pelo tremor de terra, alguns dos fariseus recobraram a anterior arrogância. Aproximando-se da fenda no rochedo do Calvário, jogaram-lhe pedras e atando várias cordas, amarraram uma pedra, fizeram-na entrar na fenda, para medir-lhe a profundidade; quando, porém, não tocaram no fundo, tornaram-se mais pensativos. (...)

O tremor de terra, aparição de mortos em Jerusalém

Quando Jesus, com um grito forte, entregou o espírito nas mãos do Pai celestial, a alma do Salvador, qual forma luminosa, acompanhada de brilhante cortejo de Anjos, entrou na terra, ao pé da cruz; entre os Anjos estava também S. Gabriel. Vi esses Anjos expulsarem grande número de espíritos maus da terra para o abismo. Jesus, porém, mandou muitas almas do limbo para que, retomando os corpos, assustassem os impenitentes, os exortassem a converter-se e dessem testemunho dEle.
O tremor de terra, na hora da morte do Redentor, quando o rochedo do Calvário se fendeu, causou muitos desmoronamentos e desabamentos em todo o mundo, especialmente na Palestina e em Jerusalém. Mal o povo na cidade e no Templo sossegara um pouco, ao desaparecer a escuridão, eis que os abalos do solo e o estrondo do desabamento dos edifícios, em muitos lugares, espalharam um terror geral e ainda maior do que dantes. O pavor chegou ao extremo, quando apareceram os mortos ressuscitados, andando pelas ruas e admoestando com voz rouca o povo, que fugia, chorando, em todas as direções.
No Templo, os príncipes dos sacerdotes acabavam justamente de restabelecer a ordem e recomeçar os sacrifícios, suspensos pelo terror das trevas e triunfavam com a volta da luz, quando de repente tremeu o solo, ouvindo-se um estrondo de muros a desabar, acompanhado de ruído sibilante do véu do Templo, que se rasgou de alto a baixo, causando um momento de mudo terror na imensa multidão, interrompido em diversos lugares por gritos e lamentos. (...)
Pode-se fazer uma idéia da desordem e confusão que reinava, imaginando um grande formigueiro, de tranqüilo movimento, em que se jogam pedras ou se remexe com um pau; enquanto reina confusão num ponto, em outro ainda continua o movimento e a atividade toda regular e mesmo no lugar onde houve desarranjo, logo começa a restabelecer-se a ordem.
O sumo sacerdote Caifás e seu partido, com audácia desesperada, não perderam a cabeça. Como um hábil governador de uma cidade revoltada, afastou a confusão, ameaçando aqui, exortando ali, desunindo os partidos, atraindo outros com muitas promessas. Devido ao seu endurecimento diabólico e aparente calma, conseguiu impedir uma perigosa perturbação geral, fazendo com que a massa do povo não visse nesses acontecimentos assustadores um testemunho da morte inocente de Jesus.
A guarnição do forte Antônia também fez tudo para conservar a ordem; deste modo era o terror e a confusão grande, é verdade, mas cessou a celebração da festa, sem que houvesse tumulto. O povo dispersou-se, ficando ainda com um oculto pavor, que também foi pouco a pouco abafado pela ação dos fariseus.
Essa era a situação geral da cidade; seguem-se agora alguns incidentes particulares, de que ainda me lembro: As duas grandes colunas situadas à entrada do Santuário do Templo e entre as quais estava suspensa a magnífica cortina, afastaram-se no alto, a da esquerda para o sul, a da direita para o norte; a verga que suportavam, abaixou-se e a grande cortina partiu-se em duas, de alto a baixo, com um som sibilante e, caindo as duas partes para os lados, abriu-se o santuário.
Essa cortina era vermelha, azul, branca e amarela; trazia o desenho de muitas constelações dos astros e também figuras, como, por exemplo, a da serpente de bronze. O santuário estava aberto a todos os olhares. Perto da cela onde Simeão costumava rezar, no muro ao norte, ao lado do santuário, tombou uma pedra grande e a abóbada da cela desabou; em várias salas se afundou o solo, umbrais deslocaram-se e colunas cederam para os lados.
No santuário apareceu, proferindo palavras de ameaça, o Sumo Sacerdote Zacarias, que fora assassinado entre o Templo e o altar; falou também da morte do outro Zacarias e de João Batista, como em geral da morte dos profetas. Ele saiu pela abertura que ficara, onde caiu a pedra na cela de Simeão e falou aos sacerdotes que estavam no Santo.
Dois filhos do piedoso Sumo Sacerdote Simão o Justo, bisavô do velho sacerdote Simeão que profetizara na apresentação de Jesus no Templo, apareceram como espíritos grandes, perto da grande cátedra (cadeira dos doutores), proferindo palavras severas sobre a morte dos profetas e sobre o sacrifício que ia cessar; exortaram a todos a que seguissem a doutrina de Jesus crucificado.
Perto do altar apareceu o profeta Jeremias, proclamando em voz ameaçadora o fim do sacrifício antigo e o começo do novo. Essas aparições e palavras, em lugares onde só Caifás e os sacerdotes as ouviram, foram negadas ou ocultadas e foi proibido falar nisso, sob pena de grande excomunhão. Mas ouviu-se ainda um grande ruído; abriram-se as portas do santo e uma voz gritou: “Saiamos daqui!”. Vi então Anjos, que se retiraram do Templo. O altar do incenso tremeu e caiu um dos vasos de incenso; o armário que continha os rolos da Escritura tombou e os rolos caíram fora, em desordem; a confusão aumentou, não sabiam mais que hora do dia era.
Nicodemos, José de Arimatéia e muitos outros abandonaram o Templo e foram-se embora. Jaziam corpos de mortos, em vários lugares; outros mortos ressuscitados andavam no meio do povo, exortando-o com palavras severas; à voz dos Anjos que se afastaram do Templo, também eles voltaram às sepulturas. A grande cátedra, no átrio do Templo, caiu. Vários dos 32 fariseus que tinham ido ao Calvário, mais tarde voltaram, durante essa confusão e, como se tinham convertido ao pé da cruz, ficaram ainda mais comovidos com esses sinais, de modo que censuraram com grande energia a Anás e Caifás, retirando-se depois do Templo.
Anás, o verdadeiro chefe dos inimigos de Jesus, que desde muito tempo dirigira todas as intrigas secretas contra o Salvador e os discípulos e que também instruíra os acusadores, estava quase doido de terror; fugia de um canto para outro das salas secretas do Templo; vi-o gritando e torcendo-se em convulsões; levaram-no a um quarto secreto, rodeado de alguns dos partidários. Caifás deu-lhe uma vez um forte abraço, para o reanimar; mas em vão; a aparição dos mortos tinha-o levado ao desespero.
Caifás, apesar de estar também cheio de pavor, estava de tal modo possesso do demônio do orgulho e da obstinação, que não deixava perceber nada do susto que sentia. Cheio de raiva e orgulho, ocultava o medo e mostrava uma testa de bronze aos sinais ameaçadores da cólera divina. (...)
O túmulo de Zacarias, sob o muro do Templo, desabara, arrastando consigo as pedras do muro; Zacarias saiu do túmulo, mas não voltou mais para lá, não sei onde depositou de novo os restos mortais. Os filhos ressuscitados de Simeão o Justo, depositaram os corpos novamente, no túmulo, ao pé do monte do Templo, na hora em que o corpo de Jesus foi preparado para a sepultura.
Enquanto tudo isso se passava no Templo, reinava o mesmo espanto em muitas partes de Jerusalém. Logo depois das três horas, ruíram muitos túmulos, particularmente na região dos jardins, ao noroeste, dentro da cidade. Vi lá, nos túmulos, mortos ainda envoltos em panos; em outros jaziam esqueletos, com farrapos apodrecidos, de muitos saia um mau cheiro insuportável.
No tribunal de Caifás desabaram as escadas em que Jesus fora escarnecido, também parte do fogão do átrio, onde Pedro começara a negar Jesus. A destruição era tal, que era preciso procurar outra entrada. Ali apareceu o corpo do Sumo Sacerdote Simão o Justo, a cuja descendência pertencia Simeão, que proferiu a profecia, na apresentação do Menino Jesus no Templo. Esse falou algumas palavras ameaçadoras, a respeito do julgamento injusto que se fizera ali. (...)
No palácio de Pilatos se fendeu a pedra e afundou-se o solo onde Jesus fora apresentado ao povo por Pilatos. Todo o edifício tremeu e vacilou; no pátio do tribunal vizinho se afundou todo o lugar onde estavam sepultados os corpos das inocentes crianças que Herodes mandara assassinar. Em vários outros lugares da cidade se fenderam muros, caíram paredes; mas nenhum edifício foi totalmente destruído.
Pilatos, supersticioso e confuso, estava preso de terror e incapaz de desempenhar o cargo; o terremoto abalou-lhe o palácio, o solo tremia-lhe debaixo dos pés, fugia de uma sala para outra. Os mortos mostravam-se-lhe no átrio do palácio, lançando-lhe em rosto o julgamento iníquo e a sentença contraditória. Julgando que fossem os deuses do profeta Jesus, encerrou-se num quarto secreto do palácio, onde ofereceu incenso e sacrifícios aos deuses pagãos, fazendo promessas, para que os ídolos impedissem os deuses do Galileu de fazer-lhe mal. Herodes estava no palácio, desvairado de pavor e mandara fechar todas as portas.(...)(1)

(1) Aqui suprimimos um capítulo inteiro, onde dava conta das imensas destruições que houve em muitos lugares da terra, especialmente as regiões próximas a Jerusalém e mais em alguns lugares onde, na sua vida pública, Jesus fora mal recebido. Prédios desabaram, sinagogas também, o rio Jordão e o Lago de Genesaré tiveram modificações drásticas. Esta destruição por toda a parte foi a principal responsável pelo fato de os perseguidores de Jesus não haverem logo iniciado a caça aos seguidores dele, pois meditavam estas coisas. A perseguição só reiniciou após o pentecostes

José de Arimatéia pede a Pilatos o corpo de Jesus

Mal se tinha restabelecido um pouco a calma em Jerusalém, depois de tantos acontecimentos assustadores, quando Pilatos, tão consternado, foi importunado de todos os lados com narrativas do que sucedera. Também o Supremo Conselho lhe mandou, como já resolvera de manhã, um requerimento, pedindo que mandasse esmagar as pernas dos sacrificados, para que morressem mais depressa e tirá-los depois da cruz, para que não ficassem pendurados durante o Sábado. Pilatos enviou, pois, os carrascos para esse fim ao Calvário.
Pouco depois vi José de Arimatéia entrar no palácio de Pilatos. Já recebera a notícia da morte de Jesus e resolvera, com Nicodemos, sepultar o corpo do Senhor no sepulcro novo que escavara na rocha do seu jardim, não longe do monte Calvário. (...)Nicodemos também foi a diversos lugares, para comprar panos e especiarias para o embalsamamento do corpo; depois esperou a volta de José.
Esse encontrou Pilatos muito assustado e incomodado; pediu-lhe francamente e sem hesitação licença para tirar da cruz o corpo de Jesus, rei dos judeus, porque queria sepultá-Lo no seu próprio sepulcro.(...)
Exteriormente parecia Pilatos admirar-se apenas que tivesse morrido tão cedo, porque os crucificados em geral viviam mais tempo; mas interiormente estava assustado e amedrontado, pela coincidência desses sinais com a morte de Jesus. Queria talvez disfarçar um pouco a crueldade com que procedera; pois despachou imediatamente uma ordem escrita, entregando a José de Arimatéia o corpo do rei dos judeus, com a licença de tirá-Lo da cruz e sepultá-Lo.
Estava satisfeito de poder assim pregar uma peça aos príncipes dos sacerdotes, que teriam visto com prazer Jesus ser enterrado ignominiosamente com os dois ladrões. Mandou também alguém ao Calvário, para fazer executar essa ordem. Creio que foi o mesmo Abenadar; pois que o vi tomar parte no descimento de Jesus da cruz.
Saindo do palácio de Pilatos, foi José de Arimatéia encontrar-se com Nicodemos, que o estava esperando na casa de uma boa mulher, situada numa rua larga, próxima do beco em que Jesus, logo no começo do doloroso caminho da cruz, fora tão vilmente ultrajado. Nicodemos tinha comprado muitas ervas e especiarias para o embalsamamento, em parte da mesma mulher, que vendia ervas aromáticas, em parte em outros negócios, onde a própria mulher fora comprar as especiarias que não tinha, como também vários panos e faixas, necessárias para o embalsamamento. De todos esses objetos fez-lhe um pacote que pudesse comodamente transportar. José de Arimatéia também foi ainda a outro lugar, para comprar um pano grande de algodão, muito bonito e fino, com seis côvados de comprimento e vários côvados de largura. (...)

O coração de Jesus trespassado por uma lança. Esmagamento das pernas e morte dos ladrões

Durante todo esse tempo reinava silêncio e tristeza sobre o Gólgota. O povo assustado dispersara-se, indo esconder-se em casa. A Mãe de Jesus e João, Madalena, Maria, filha de Cleofas e Salomé estavam, em pé ou sentados, em frente à cruz, com as cabeças veladas, chorando. Alguns soldados estavam sentados no barranco, com as lanças fincadas no chão. Cássio, a cavalo, ia de um lado para outro. Os soldados conversavam do alto do Calvário com outros que estavam mais em baixo. O céu estava nublado e toda a natureza parecia abatida e de luto. Vieram então seis carrascos, subindo o monte Calvário; trouxeram escadas, pás e cordas, como também pesadas maças de ferro de três gumes, para esmagar as pernas dos executados.
(...) Subiram então pelas escadas nas cruzes dos ladrões; dois esmagaram, com as maças cortantes, os ossos dos braços acima e abaixo do cotovelo, um terceiro fez o mesmo acima e nas canelas, abaixo dos joelhos. Gesmas soltou gritos horríveis. Esmagaram-lhe em três golpes o peito, para acabar de matá-lo. Dimas gemeu com a tortura e morreu; foi o primeiro mortal que tornou a ver o Redentor. Os carrascos desataram então as cordas, deixando cair os corpos no chão e arrastando-os depois com cordas, para o vale entre o Calvário e o muro da cidade, onde os enterraram.
Os carrascos ainda pareciam duvidar da morte do Senhor e os parentes de Jesus estavam ainda mais assustados, pela brutalidade com que haviam procedido e com medo de que pudessem voltar. Mas Cássio, oficial subalterno, homem de 25 anos, ativo e um pouco precipitado, cuja vista curta e cujos olhos tortos, juntamente com os ares de importância que se dava, provocavam freqüentemente a troça dos subordinados, recebeu de repente uma inspiração sobrenatural.
A crueldade e vil brutalidade dos carrascos, o medo das santas mulheres e um impulso repentino, causado por uma graça divina, fizeram-no cumprir uma profecia. Ajustando a lança, que trazia em geral dobrada e encurtada, firmou-lhe a ponta e virando o cavalo, esporeou-o para subir o cume, onde estava a cruz e onde o cavalo quase não podia virar; vi como o afastou da fenda do rochedo. Parando assim entre a cruz do bom ladrão e a de Jesus, ao lado direito do corpo de Nosso Salvador, tomou a lança com ambas as mãos e introduziu-a com tal força no lado direito do Santo Corpo, através das entranhas e do coração, que a ponta da lança saiu um pouco do lado esquerdo, abrindo uma pequena ferida. Quando tirou depois com força a santa lança, brotou da larga chaga do lado direito do Redentor um rio de sangue e água que, caindo, banhou o rosto de Cássio, como uma onda de salvação e graça. Ele saltou do cavalo e, prostrando-se de joelhos, bateu no peito e confessou a fé em Jesus em alta voz, diante de todos os presentes.
A Santíssima Virgem e os outros, cujos olhos estavam sempre fixos no Salvador, viram a súbita ação do oficial com grande angústia e acompanharam o golpe da lança com um grito de dor, precipitando-se para a cruz. Maria caiu nos braços das amigas, como se a lança lhe tivesse transpassado o próprio coração e sentisse o ferro cortante atravessá-lo de lado a lado.
Cássio, caindo de joelhos, louvava a Deus, pois, iluminado pela graça, ficou crendo e também os olhos do corpo se lhe curaram e desde então via tudo claro e distinto. Mas ao mesmo tempo ficaram todos profundamente comovidos à vista do sangue que, misturado com água, se juntara, espumante, numa cavidade da rocha, ao pé da cruz; Cássio, Maria Santíssima, as santas mulheres e João apanharam o sangue e a água em tigelas, guardando-o depois em frascos e enxugando-o da rocha com panos.
Cássio estava como que transformado; tinha recobrado a vista perfeita e profundamente comovido, curvava-se diante de Deus, com coração humilde. Os soldados presentes, tocados pelo milagre que se operara nele, prostraram-se de joelhos, batiam no peito e louvavam a Jesus. O sangue e a água corriam abundantemente da larga chaga do lado direito do Salvador, sobre a rocha limpa, onde se juntaram; apanharam-no, com indizível comoção e as lágrimas de Maria e Madalena misturavam-se-lhe. Os carrascos, que nesse ínterim tinham recebido a ordem de Pilatos de não tocar no corpo de Jesus, que doara a José de Arimatéia, para o sepultar, não voltaram mais.(...)
Tudo Isso se passou em redor da cruz de Jesus, logo depois das quatro horas, quando José de Arimatéia e Nicodemos estavam ocupados em juntar as coisas necessárias para o enterro. Os criados de José de Arimatéia foram, enviados para limpar o sepulcro e anunciaram aos amigos de Jesus no Gólgota que José recebera de Pilatos licença para tirar da cruz o corpo do Mestre e sepultá-lo no seu sepulcro; então voltou João, com as santas mulheres, à cidade, dirigindo-se ao monte Sião, para que a Santíssima Virgem pudesse tomar algum alimento e também para buscar alguns objetos para o enterro. (...)

Enfim, se não tivesse havido um Calvário e uma Cruz, não haveria um caminho de salvação. Jesus realizou-a sozinho, pois o profeta diz claramente: No lagar pisei eu, sozinho, e ninguém dentre os povos me auxiliou (Is 63,3). Jesus, também, quase ficou sozinho na Cruz, pois quase todos os seus o abandonaram. Você já se perguntou, leitor, onde é que estaria naquele momento? Teria fugido?

Faltam ainda, então, dois capítulos de vitória. Primeiro a Ressurreição! Depois a também, a Ascensão de Jesus aos céus. Um pouquinho de paciência e chegamos lá.

Feliz com o triunfo de Cristo!

Aarão!

ORAÇÃO DO ANJO DE PORTUGAL

Meu Deus
Eu creio, adoro, espero e amo-Vos
Peço-Vos perdão
Para os que não crêem, não adoram,
Não esperam e não Vos amam.

Santíssima Trindade
Pai, Filho e Espírito Santo
adoro-Vos profundamente
e ofereço-Vos o Preciossímo Corpo,
Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo
Presente em todos os sacrários da Terra
Em reparação dos ultrajes, sacrilégios
E indiferenças com que Ele Mesmo
é ofendido
E pelos méritos infinitos
Do Seu Santíssimo Coração
E do Coração Imaculado de Maria
Peço-Vos a conversão dos pobres pecadores.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

GRANDE ILUSÃO...

Abaixo segue um texto muito elucidativo de um grande santo da nossa Igreja. Ele trata de um abuso que a cada dia mais se expande, especialmente no meio dos pastores - e dali como um rastilho para as ovelhas incautas - exaltando até o infinito a divina misericórdia, que realmente é infinita... Para quem se arrepende infinitamente e pede perdão a Deus.

Sim, é preciso saber que a misericórdia é infinita unicamente para quem pede perdão de sua culpa, de sua falta. É infinita unicamente para quem não tem o cinismo de dizer: vou pecar, que Deus é bom, e depois me perdoa! E ela jamais será infinita para quem, tendo a alma carregada de pecados, fala da misericórdia, mas vive na injustiça. Não se confessa!

Na semana que passou escutei a homilia de um sacerdote, bem velhinho já, que disse assim: eu tenho o sentimento de que ninguém se perde! Ó céus, um padre com mais de 70 anos pregar isso é um horror. Ele faz de Jesus um mentiroso, pois Jesus disse que Epulão estava no inferno! O Apocalipse fala que o anticristo irá para inferno! E mais, dizendo assim ele santifica Judas, que está no mais profundo dos abismos... E por que digo isso com tanta certeza? Porque ele cometeu o pecado contra o Espírito Santo, que é duvidar da Misericórdia.

Enfim, a divina e infinita misericórdia nos chega apenas pelo confessionário, em humilde contrição e profundo arrependimento. Por falta disso é que a humanidade está neste abismo, achando que se pode esbaladar em crimes, vícios, mentiras, podios, corrupção e podridão sexual, depravações alucinadas e que disso não terá que prestar contas a Justiça divina. Isso, acima de tudo é blasfêmia!

E comungar neste estado é sacrilégio, um dos pecados mais terríveis que se comete: saber que está em pecado grave e mesmo assim receber o Corpo Santíssimo de Jesus. E hoje são bilhões os sacrilégios que se comete! E grande parte da culpa deles recai sobre os sacerdotes, que estando cheios de pecados iludem as ovelhas, levando-as assim a perdição eterna. Pastor que faz isso já é lobo, vestido em pele de cordeiro.

Não acreditem, pois, em quem se exaure na misericórdia, deixando de pregar também a Justiça divina, que é da exata dimensão da misericórdia. Esta é para quem pede perdão depois de ter caído por fraqueza, NUNCA para quem se sabe em falta grave, e acha que Deus o irá acolher em seu seio assim mesmo, sem que ele caia de joelhos e implore o perdão, a misericórdia. Vejam o texto...

A ilusão da misericórdia sem conversão
(Santo Afonso Maria de Ligório)

"Pode ser que haja, no meio de vós, meus irmãos, alguém que se encontre com a alma carregada de pecados e que -- longe de pensar em se livrar deles pela confissão e penitência -- não cessa de cometer novos pecados, se sobrecarregando ainda mais. Este, certamente, abusa da misericórdia divina; pois, a que fim nosso Deus tão bom deixa que este pecador viva senão para que ele se converta e, por conseqüência, escape da desgraça de perder sua alma?
"Ele merece as severas censuras que o Apóstolo dirigiu ao povo judeu impenitente: 'Porventura desprezas as riquezas da bondade, da paciência e da longanimidade de Deus? Ignoras que Sua bondade te convida à penitência? Mas que na tua dureza e coração impenitente, acumulas para ti um tesouro de ira no dia da ira e da manifestação do justo juízo de Deus' (Rom II 4,5).
"Eu quero vos afastar, meus irmãos, desse funesto abuso, e vos preservar da desgraça de cair na morte eterna do inferno. A esse propósito, chamo vossa atenção para a seguinte verdade: Quando uma alma abusa da misericórdia divina, a misericórdia divina está bem próxima de a abandonar...
"Santo Agostinho observa que, para enganar os homens, o demônio emprega ora o desespero, ora a confiança.
Após o pecado, o demônio nos mostra o rigor da justiça de Deus para que desconfiemos de Sua misericórdia. Entretanto, antes do pecado, o demônio nos coloca diante dos olhos a grande misericórdia de Deus, a fim de que o receio dos castigos, devidos ao pecado, não nos impeça de satisfazer nossas paixões...
"Essa misericórdia sobre a qual vós contais para poder pecar, dizei-me, quem vo-la prometeu? Não Deus, certamente, mas o demônio, obstinado em vos perder. Cuidado!, diz São João Crisóstomo, de dar ouvidos a este monstro infernal que vos promete a misericórdia celeste...
"'Deus é cheio de misericórdia, eu pecarei e em seguida confessar-me-ei'. Eis aí a ilusão, ou antes, a armadilha que o demônio usa para arrastar tantas almas ao inferno!...
"Nosso Senhor, aparecendo um dia a Santa Brígida, queixou-Se: 'Eu sou justo e misericordioso, mas os pecadores não querem ver senão minha misericórdia' (Ego sum justos et misericors; peccatores tantum misericordem me existimant - Rev. 1. I. c. 5). Não duvideis, diz São Basílio, que Deus é misericordioso, mas saibamos que Ele é também justo, e estejamos bem atentos para não considerar apenas uma metade de Deus. Uma vez que Deus é justo, é impossível que os ingratos escapem do castigo.... Misericórdia! Misericórdia! Sim, mas para aquele que teme a Deus, e não para aquele que abusa da paciência divina!".

(Sermons de S. Alphonse de Liguori, Analyses, commentaires, exposé du système de sa prédication, par le R.P. Basile Braeckman, de la Congrégation du T. S. Rédempteur, Tome Second. Jules de Meester-Imprimeur-Éditeur, Roulers, pp. 55-60, apud Revista Catolicismo, número 572, agosto/1998, página 37, grifos nossos).

FRASE PARA HISTÓRIA

“ Não se opor a algum erro, é o mesmo que aprová-lo. Não defender a verdade é o mesmo que suprimi-la. Se negar a maldizer homens maus, quando podemos fazê-lo não é pecado maior do que encoraja-los”.


( Papa São Felix)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

TEOLOGIAS

Está em João 14, 5 Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho? 6 Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.

Também está em Lucas 10, 21 Naquela mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: Pai, Senhor do céu e da terra, eu te dou graças porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai bendigo-Te porque assim foi do teu agrado.

Tomemos estes dois textos dos Evangelhos e os tenhamos por base daquilo que hoje gostaria de partilhar com nossos amigos. Muitos devem ter notado que amiúde tenho me insurgido contra certos doutores, que por amor ao próprio umbigo e como frutos do orgulho humano, distorcem malignamente os ensinamentos de Deus. Insurjo-me contra as formas prolixas e complicadas de escrever sobre a Verdade e o Amor, coisa que não o fazem nem por amor, e muito menos por amor à Verdade. Uma falsa verdade humana, pois quanto mais se busca explicar nosso Deus, sem antes viver as Escrituras, mais para distante se caminha Dele: eis o caminho das fantasias, dos artifícios e dos enganos.

Que é a verdade? Jesus responde: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim! E cita de propósito três palavras – caminho > verdade > vida – nas quais centra toda a Sua Doutrina, e isso afasta de imediata qualquer outro meio, artifício, teologia ou doutrina: O único caminho para chegarmos a Deus é seguir Jesus! A única Verdade a ser buscada é Jesus! A única maneira de chegar à Vida Eterna é através de Jesus. E isso não se precisa estudar para entender. Isso os “simples e os pequeninos” entendem. Mas nunca o entenderá, nenhum doutor, com sua “teologia de telhado”.

Pior que “teologia de telhado” eu diria teologia da Torre de Babel, aquela que quer furar as nuvens do Céu para atingir ao Deus Altíssimo, mas não percebe que sua estrutura não tem fundamento nas Escrituras. Não se começa a construir uma casa pelo telhado, tal como o entendimento sobre Deus, não começa pelo complicado. Toda a Escritura é de fato extremamente simples e fácil de entender, ou Jesus não diria que ela fora revelada aos pequeninos. E não diria como está em Mateus 5, 20 Digo-vos, pois, se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos céus. E quem pensa, escreve, ou vive diferente disso, não passa de outro fariseu, outro escriba.

Ou como está em Mateus 18, 2 Jesus chamou uma criancinha, colocou-a no meio deles e disse: 3 Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos céus. 4 Aquele que se fizer humilde como esta criança será maior no Reino dos céus. 5 E o que recebe em meu nome a um menino como este, é a mim que recebe. 6 Mas, se alguém fizer cair em pecado um destes pequenos que crêem em mim, melhor fora que lhe atassem ao pescoço a mó de um moinho e o lançassem no fundo do mar. E toda a falsa teologia, que engana aos pequenos é doutrina de perdição, que clama por uma pedra no pescoço, que leva para o fundo do abismo quem a cria.

Tal veredicto de Jesus mais que uma força de expressão, é uma assombrosa realidade que insiste em reboar aos nossos ouvidos. Também os escribas e fariseus de ontem – como os milhares de hoje – faziam uma doutrina humana, cheia de artifícios enganosos, que os circundavam de pompa, que provocavam gestos largos e aparato singular diante dos homens, ostentando títulos e grandezas. Mas eles eram exatamente aqueles que “não entravam no Reino de Deus, nem deixavam entrar”. Hoje continua igual, complicam tudo, distorcem tudo, interpretam tudo de um modo humano – torto e racional – que nem eles entendem, enquanto isso o povo se perde por falta de conhecimento (Oséias 4, 6).

Nós sempre temos afirmado e o faremos até a morte como aprendemos das mensagens de Jesus e Maria: Deus é simples! Deus é, de fato, a essência da simplicidade! Ora, se Deus é assim tão simples, tão fácil de entender, por qual motivo se precisaria de largos estudos, de anos e mais anos de ensinamentos e formações superiores cheias de efeitos, se não devemos nos fazer de grandes nem de entendidos para compreendê-lO, e sim nos tornarmos uma criança? Se um doutor, um grande e inteligente deste mundo, é incapaz de entender a Deus, para que se fazer um deles? Isso é um contra-senso enorme!

Tal como uma residência comum também uma casa de fé não começa a ser construída pelo telhado e sim, pela base. E toda a base começa com a primeira pedra, quiçá com o primeiro grão de pó. Para que qualquer casa se torne à prova de ventos e tempestades, é imprescindível que se a solidifique nos pequenos detalhes, pois se deixarmos uma fissura, por ali irá entrar os agentes de destruição: a ferrugem, o limo... E a casa ruirá. Assim, toda teologia humana é ufana, é soberba, e não tem base na Escrituras, porque Jesus construiu Sua Igreja sobre a rocha da fé pequena e insipiente de Pedro. Ora ele era um humilde pescador com seus companheiros! Com eles Jesus fez abalar os alicerces podres do orgulhoso Sinédrio, tão cheio de falsas doutrinas, quanto do não cumprimento delas.

De fato, quem não quer seguir Jesus, pelo caminho da criança inocente, inventa uma “doutrina” própria, ou falseia a verdade por ineptas interpretações e teologias malditas. Vai direto ao telhado e se esquece da base, do fundamento! Não percebe que é impossível entender as Escrituras, sem antes cravar os joelhos na rocha; sem isso não se encontra a Verdade. É preciso ter sim, a humildade de curvar-se ao infinito, pois somente no extremo oposto do orgulho de saber, se conseguirá encontrar a verdadeira vida, como disse Simão Pedro: Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna (Jo 6, 68).

De fato, como está também em João 7, 15 Os judeus se admiravam e diziam: Este homem não fez estudos. Donde lhe vem, pois, este conhecimento das Escrituras? 16 Respondeu-lhes Jesus: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. 17 Se alguém quiser cumprir a vontade de Deus, distinguirá se a minha doutrina é de Deus ou se falo de mim mesmo. 18 Quem fala por própria autoridade busca a própria glória, mas quem procura a glória de quem o enviou é digno de fé e nele não há impostura alguma. 19 Acaso não foi Moisés quem vos deu a lei? No entanto, ninguém de vós cumpre a lei! É bem isso: Criam teologias adaptadas ao gosto humano só para se esquivarem de cumprir a Lei.

Óbvio! Jesus é Deus e estes teimosos não viam isso! É a própria Sabedoria, e eles não a entendiam por causa da dureza imensa de seus corações. Que temos hoje senão corações duros como pedra, que falam por própria autoridade – e dizem: nós somos os entendidos, mas não vivem isso – e, portanto são impostores, são fariseus, são apóstatas e não dignos de fé? A Doutrina do Pai é a da simplicidade, e o entendimento dela só é possível aos simples. Aos que não vão buscá-la nas nuvens do orgulho nada será revelado, só diante do Sacrário em humilde adoração. E isso não precisa estudos caros, nem prolongados. Precisa apenas de Amor a Deus, sobre todas as coisas e criaturas!

De fato, na grande escola da fé humilde – para citarmos como exemplo a formação de um sacerdote – ele se constrói muito mais desde o berço até aos 15 anos, que nos bancos de ginásio até a alta teologia. Se ele não tiver da família a estrutura sólida firmada na oração, no Rosário, em Maria e na Eucaristia, será como casa construída na areia, mercê dos ventos e das tempestades. Nunca dará um padre santo! E ontem, li um artigo que falava que no último século e até hoje, mais de 150 mil padres largaram o hábito, todos eles casas mal edificadas, castelos de areia sem o mínimo ou pouco fundamento. A maioria deles – com certeza – perdeu a fé exatamente nos descaminhos da alta teologia.

Nós estamos falando sobre a Verdade. Muitos não acreditam que ela exista, porque acham que a Verdade é algo intrínseco, íntimo e próprio de cada pessoa: o que para mim é uma Verdade, para o outro pode não ser! De fato, esta premissa é falsa e com certeza uma das maiores mentiras, um dos maiores blefes de satanás! Nenhum homem é dono da Verdade. Só Deus sabe! Jesus é a Verdade! Só Deus é a Verdade! As Sagradas Escrituras contém toda a Verdade revelada por Deus! Assim, tudo aquilo que é necessário e bom, útil e mesmo imprescindível para se alcançar a Vida Eterna, está contido nelas. É a isso que se chama Verdade revelada por Deus aos homens, pela Igreja Católica, a guardiã e fiel depositária única destas verdades reveladas por Deus. E a Verdade não se negocia!

Ou seja: tudo o que precisamos para nossa salvação, está contido na Bíblia Católica, no seu Catecismo, na sua Tradição, formando uma realidade perfeita - embora dura e mesmo inatacável – que simplesmente exclui qualquer outra escritura ou código de leis, havida em qualquer outra religião e qualquer outra fé. Esta colocação, também ela dura, parece ofender aos ouvidos loucos do mau e falso ecumenismo! Daqueles que trocam o necessário diálogo inter-religioso, a necessária política de boa vizinhança entre todos os credos – mesmo os que não professam Jesus Cristo como seu Salvador e Deus – pela conotação maligna de que todos os credos têm parte da verdade. Já disse: toda a Verdade está apenas em Jesus Cristo! Para chegar a Deus, somente através de Jesus! Nada então, nos podem ensinar de bom e de necessário à salvação, os outros credos. Algo que já não o tenhamos antes, na boa e Sã Doutrina da Santa Igreja Católica.

Sei que isso corrói as entranhas de muitas pessoas – de outros credos e também falsos ecumenistas – mas a Verdade maiúscula é assim mesmo: dura e imutável! Perfeita e inegociável! A verdadeira Igreja Católica tem sido o alvo preferido do diabo desde o dia de sua fundação, pois somente contra ela é que satã tem atirado todos os seus dardos envenenados. E uma de suas de suas farpas mais atrozes é justamente esta de querer nivelar todos os credos e as religiões, misturando-as num mesmo caldo satânico. A pureza não pode ser contaminada pela conspurcação, ou deixará de ser santa. Assim também a Pura Verdade de Jesus Cristo, não pode ser moeda de troca usada em conluios humanos, pois o dizer Dele é apenas “sim” e “não”, e o quem sabe, e o pode ser e tudo o mais vêm do diabo. A Verdade não admite dúvidas, nem partes, nem metades!

Jesus disse claramente: ninguém vai ao Pai, senão através de Mim! Isso então, exclui a todos os que não aceitam Jesus Cristo, e não há segundas interpretações! Não deve ser entendido de forma simulada. O Altíssimo pode sim, acolher a alguns destes espíritos rebeldes, mas eles não irão a Ele pela garantia de Seu Filho e sim pela misericórdia, e isso é um enorme risco. Porque entre a Misericórdia e a Justiça vai um passo apenas – a Lei – mas entre nós e Jesus Cristo acha-se ainda um abismo de Amor. Para os que O amam! Basta ouvir a Jesus e seguir o que Ele diz, com está em João 8, 47 Quem é de Deus ouve as palavras de Deus, e se vós não as ouvis é porque não sois de Deus.

Tudo isso é voltado aos pequenos, numa revelação clara e objetiva, direta e perfeita. A revelação não é uma doutrina que se forma no coração do homem, ao sabor dos tempos e das eras, mas sim algo que brota em fogo do Coração o Próprio Deus: Caminho, Verdade e Vida. A revelação desta Verdade ao homem simples, não provém do desenvolvimento de um povo ou de uma cultura qualquer, ou ao sabor de sua religiosidade peculiar fiada em outros deuses: Ela permanece a mesma, e flui continuamente e seguramente da eterna Fonte da divina e eterna Sabedoria. Do Deus Único e Santo

Isso nos assegura que não existe nenhuma revelação nas outras religiões, sejam quais forem os seus fundadores! E também nos assegura que eles não têm igualmente, nenhum meio único e possível de salvação. Só a Igreja Católica os tem, e os tem a todos sem uma só falta! O Espírito de Deus age apenas no sentido de trazer de volta à unidade! Porque tudo que divide vem do diabo e é anátema! Jesus nos pediu assim: sejam um só, tal como o Pai e Eu somos um! Isso nos indica que todos os que estão fora desta unidade, estão fora do aprisco e dos verdadeiros pastos eternos. São, pois, ovelhas desgarradas!

Mas a falsa teologia diz exatamente o contrário: que a revelação é subjetiva, e depende do entendimento de cada pessoa, e nisso ela mente! O homem não é dono de verdade alguma: toda ela pertence a Deus Único e Verdadeiro, Trino e Santo!! Igualmente dizem os falsos teólogos, que a verdade é criada pelo próprio homem e é típica de cada era, de cada tempo, de cada raça, no que mais uma vez falam pela língua bífida da serpente! Se nenhum homem isoladamente é dono da Verdade isso nos diz que o coletivo também não a tem. Não é porque todos acreditam em algo que isso estará certo, nem porque a minoria o crê que ela deixa de Ser. E mentem então, descaradamente, todos aqueles que insistem em dizer que todas as religiões têm meios de salvação; todas praticam verdades próprias e apenas humanas! Nunca se poderá encontrar a Verdade, em fundadores humanos!

Quem foi Maomé: Um homem, apenas um homem guerreiro, e nada mais! Quem foi Buda Gautama? Um homem comum, nada mais que um simples homem mortal! Quem é Edir Macedo? Um homem, nada mais que um homem que a terra haverá de comer, quem sabe nem somente a terra! Quem foi John Wesley? Quem foram Lutero e Calvino? Nada mais que homens, dentro de seu tempo, criadores de doutrinas apenas humanas, com leis que nada têm a ver com Deus. Porque nada têm a ver com Jesus Cristo: Caminho, Verdade e Vida. Onde as provas de Maomé? Onde as provas de Buda? Onde as provas dos fundadores protestantes? Todos criadores de engenhosos artifícios de engano, que nada mais visam que afastar o homem da Verdade única em Deus Uno e Trino. Alguns até falam em Jesus Cristo, mas o fazem meio apenas! No que mentem!

Toda verdade criada pelo homem, nada mais é que um artifício de satanás. Dele é que provêm todas estas fantasias teológicas. Milhares de estudiosos, através dos séculos, não têm tido outro objetivo que não distorcer que não deturpar a Verdade, para se adonarem e se fazerem deuses. Um grande perigo ronda a todos os que estudam e falam sobre Deus, quando eles se afastam para longe da fonte da Verdade, das Escrituras, e promovem ensaios e estudos. Neste momento, a raiz de satã penetra-lhes nas frestas, e instila o veneno do orgulho: é quando surgem estas fantasias escabrosas sobre Deus, sobre a Verdade, e sobre o caminho para se chegar a Ele. Milhares delas já surgiram através dos séculos, sempre farpas de satã lançadas contra a Verdade de Jesus Cristo. Ele o alvo!

Deus não se estuda: apenas se vive. Quem não é capaz de viver o Amor a Ele, com toda a força de seu coração, com todo o anseio de sua alma, não pode interpretar Quem Ele seja. Nunca O entenderá, ainda que minimamente! Deus não se vê: sente-se apenas! Compreende-se pelas Suas obras de perfeição e de magnitude! A incapacidade total do homem, de explicar pela simples razão, o surgimento do primeiro grão de pó do Universo, aponta-o para a infinita miséria do seu nada, diante dos restantes grãos de pó que compõem todo o infinito. É esta dimensão que o separa do Onipotente, e esta é a razão pela qual Deus, o Autor e Criador de tudo isso é inexplicável! Só os humildes entendem!

Se não podemos explicá-Lo, por que não quedarmos na pequenez de criança, como Ele nos pede? Quem sabe nos venha o Seu auxílio precioso? O primeiro passo do teólogo, do estudioso de Deus, para se afastar Dele, é exatamente tentar diminuir a sua Onipotência. A sua Infinita dimensão! Sua eterna e infinita perfeição. Eles não suportam isso, porque sua cabeça racional é estreita demais. Quanto mais o homem apequena a Deus, mais Lhe tira o Poder, a Sabedoria infinita, mais se sente tentado em mostrar-se grande, criando artifícios de explicação que O tentam aniquilar. Porque o verdadeiro pensador de Deus, quando se abisma Nele, e se dá conta do Infinito e do Eterno é tal o esmagamento que ele sente diante desta realidade suprema, que não lhe resta outro caminho a não ser cravar os joelhos no chão, deitar a face ao solo, lamber o pó da terra e render-se! De puro amor!

Uma das formas que muitos estudiosos de Deus usam para fazê-LO diminuir ao ponto de chegar ao seu racional humano, estreito e diminuto, é pregando a teoria da evolução. Esta fantasiosa teoria tem virado o dogma número um dos hereges, e infelizmente tem sido aceita até por luminares da Igreja, contrariando o entendimento dela. O fato perfeito, único, eterno, inatacável é: Deus criou tudo, em perfeição absoluta, e detém, Ele mesmo, todos os comandos e domínios, de todos os seres vivos – do maior até o mais microscópico – tal que, não somente Ele tudo fez, como a miséria do criado é tão infinita diante Dele, que nem sequer um só sorvo de ar a criatura consegue dar sem Seu desejo.

Nenhuma criatura evolui! Nenhuma criatura muda suas características essenciais, por uma força própria, uma necessidade por ela provida, ou um efeito ambiental, sequer por um acaso burro e aleatório, este é absurdo. Tudo isso é fruto de mentes rebeldes, de inteligências estreitas, esmagadas pela nefasta ação dos demônios. Por um desejo sórdido de ocupar o espaço de Deus Criador e Único Senhor de tudo e de todos. São teorias, são suposições, são meros artifícios enganosos, que jamais podem ser corroborados por provas sérias, pois mais dia, menos dia, a própria ciência encontra o meio de mostrar o absurdo. A teoria de Darwin, a respeito da origem da vida, acaba de morrer numa sopa quente, igual a sopa de fogo e enxofre onde ele hoje nada, no báratro nefando. E agora?

Da mesma forma como a teoria mirabolante da evolução, também os negadores de Deus Altíssimo encontram meios de desafiá-lO através do ecologismo chiita, do verdadeiro fundamentalismo ecológico, que chegou ao absurdo de elevar o animal irracional, a um ponto superior ao próprio homem. Um simples ovo de tartaruga, um reles macaco prego, uma formiga de pau, simples criaturas finitas passaram a ter mais valor que a vida de um homem, dotado de uma alma imortal. Se, se precisasse de uma prova de que o demônio está por trás disso, esta é uma. Uma coisa é preservar o ambiente, outra é santificá-lo. Uma coisa é respeitar uma criatura irracional, outra quase divinizá-la como o fazem!

Infelizmente, até na falsa Catequese da Eucaristia, se ensina ecologia no lugar de Jesus, de Maria, e dos Sacramentos! Quando na verdade, tal como todos os comandos da vida animal estão nas mãos do Criador Supremo, também os ambientes onde todas estas criaturas vivem, dependem Dele exclusivamente. No Gênesis está bem claro que, antes de dar vida a qualquer criatura, Deus construiu – bons e perfeitos – os diversos ambientes, onde as pudesse manter e sustentar. Toda mutação aparente que uma criatura qualquer assume, por efeito de quebra ambiental, faz parte da perfeição intrínseca nela posta pelo Criador. Ele pode alterá-la no vôo, na corrida, no tamanho, na força, na rapidez, também na lentidão, na forma de alimentar-se e isso de um momento para outro. Ele faz!

De fato, milhões de espécies animais irracionais já desapareceram da face do planeta, nenhuma delas por quebra do ambiente ou culpa do homem, mas por um desejo de Deus. Pois se ele as quisesse manter vivas, lhes arrumaria outros modos de vida, no gelo ou no deserto escaldante. Pois Ele pode sim mudar as espécies aquáticas em terrestres, pode mudar as que apenas andam em animais que voam, pode mudar as feras em simples pastadores e pacíficos ruminantes. Seu Poder é infinito, Sua fonte é inesgotável, Sua perfeição suprema. Esta é a Verdade em Deus! Uma verdade inegável, porque tudo o que se faz para negá-la não passa de mera e absurda teoria, de um absurdo inventor.

Quando você pergunta a um simples colono, sem estudos, sem inteligência, de onde veio alguma espécie animal, ou vegetal, ele dirá: Deus Quem fez! E se sentirá plenamente feliz dizendo isso. Eis aí um sábio! Neste momento, ele estará dando um prova de fé tão profunda, que espantará e mesmo esmagará qualquer cabeça arrogante, que ficará sem resposta. Quando uma vovó, bem velhinha, com as suas mãos calejadas, face sulcada pelo tempo, pega seu Terço e começa a desfilar as contas dá outra esmagadora prova de sabedoria simples, aquela que entorta as mentes dos que se dizem estudados, teólogos, doutores e inteligentes deste mundo. Eis uma verdade: quem não se espelha em nenhum destes dois exemplos, jamais entenderá de Deus. Nunca poderá falar sobre Ele!

Sim, porque estas pessoas vão buscar a Deus nos absurdos das distâncias, na imensa profusão de trilhas enganosas, onde o jogo de palavras tem um mestre perfeito: Lúcifer! E ele se encarregará de instilar veneno dentro dos escritos, ele tratará de obscurecer as mentes orgulhosas de tais autores, e eles se acharão o máximo, por haverem criado uma teoria nova sobre a Verdade. Uma definição nunca antes dada, tantas vezes um disparate único. É assim que se formam os hereges, verdadeiros algozes de Deus! Ainda hoje!

Teorias, meras teorias: sobre a Doutrina, sobre as Escrituras, sobre a Tradição! E neste andar da carruagem, já destruíram a Santa Missa, já acabaram com quase todos os confessionários e as confissões sacramentais, porque estão quase conseguindo acabar com o pecado. A fórmula teológica que usaram foi mergulhar nele, afundar o coletivo nele, de modos a achar que, como a maioria está em pecado, então esta maioria aceita que o pecado não existe mais, ou modernamente se tornou normal. Com isso justificam os atos mais nefandos e negam a absolvição aos penitentes, de faltas iguais que lhes entulham as pobres almas. Porque suas almas estão cheias dos mesmos, então deixa de ser pecado!

Bem, isso é uma coisa que eles terão de discutir com Deus. Eles terão de explicar a Ele esta moderna teologia. Mas digo: correm o grave risco de serem confundidos eternamente! Porque terão de pagar as contas de todos os que deixaram de se confessar, de todos os que não rezaram suas penitências, de todos os que perderam a noção de pecado e de todos os que foram ensinados que em Deus não existe Justiça, apenas misericórdia. Esta “moderna” teoria teológica é certamente uma das correntes que mais amarrou padres no purgatório, e os fez entrar naquela máquina de triturar que já expliquei! É ali que eles aprendem a Verdade: existe uma Justiça perfeita, como equilíbrio da Misericórdia!

No mais, existe a teologia do ventre cheio – que é tão combatida pela Igreja da Verdade – a que se ocupa do social, do encher ventres das pessoas, do morar bem, mas esquece do único fim a ser buscado pela Verdade: a salvação eterna das almas! Toda teologia que se ocupa da barriga e esquece da alma, não somente é herética como maldita. Se Jesus quisesse encher ventres teria criado uma rede de supermercados baratão, ou ensinado aos que não trabalham a produzir seu sustento. Ensinaria a quem se acostuma a comer de graça, a votar em quem lhes dá emprego e não o sustenta com migalhas e esmolas.

Pois como o nosso Reino não é deste mundo, e nossa morada não é aqui, a Verdade diz que devemos primeiro buscar as coisas de Deus, que os ventres se encherão como acréscimo. E diz que são pagãos os que se preocupam com questões de morar, comer e de vestir. Se Jesus tivesse preocupação com encher barrigas, não teria deixado o povo por três dias sem comer, antes de multiplicar os pães como aconteceu na segunda vez. Tais teologias mortas não se miram na obra de Madre Tereza de Calcutá, ela sim preocupada com a pobreza, mas tratava as almas, antes de tratar somente o corpo.

Foi Madre Tereza quem disse: Sinto raiva quando vejo desperdício de comida! Sei que é errado ter raiva, mas depois que se visita a Etiópia, isso se justifica. Isso eu poderia também aplicar as teologias: sinto raiva quando vejo estas teologias malditas. Sei que é errado ter raiva, mas quando se vê o estado em que elas deixaram a Igreja Católica, isso se justifica. E não é do assunto, mas também aplico aqui: Sinto raiva quando vejo as pessoas votarem num candidato abortista e vermelho, mas quando vejo o estado em que ele deixou o Brasil, esta raiva se justifica. Só não justifica aos teólogos que ajudaram a fundar e apoiaram tal partido, sujando para isso o nome da Santa Igreja. Quem fez isso está em pecado grave e é sacrílego se vier a comungar! Mais sacrílego ainda se celebrar!

A Verdade falou: Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca do Senhor! Só esta Palavra é Verdade. Só esta Palavra é Vida! Só esta Palavra salva! Que tudo isso nos leve a ultrapassar a tempestade que vem. As falsas teologias a criaram!
Arnaldo