terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Porque rezas Jesus?

(Revelações à Maria Valtorta - Gentileza Antonio, de Portugal)

… “Que montanhas são aquelas? Teremos que subir por elas?” Pergunta Pedro preocupado.

“Não. Não. São os montes de Auran. Nós ficamos na planície, para cá deles. Durante a tarde, estaremos chegando a Bozra de Auranítide. É uma bela e boa cidade. Há muitos negócios”, encoraja-o o mercador, e faz elogios, ele que toma a beleza de um lugar como base de toda prosperidade comercial.

Jesus está sozinho, atrás, como às vezes faz, quando quer ficar isolado. Marziam se vira muitas vezes, a fim de olhar para Ele. Depois, não resiste mais, deixa Pedro e João de Zebedeu, assenta-se à beira do caminho, sobre um cipo, que deve ser um marco militar romano e lá fica esperando. Quando Jesus chega à altura do lugar onde ele está, o menino se levanta e, sem dizer nada, vai pôr-se ao lado de Jesus, ficando um pouco atrás, para não dar-lhe aborrecimento nem mesmo com a vista, e fica observando …

E continua a observar, até que Jesus, tendo saído de sua meditação, se vira, ao ter ouvido um barulho leve, feito com os pés atrás dele, e sorri, estendendo a mão ao menino, e dizendo: “Oh! Marziam! Que estas fazendo aqui sozinho?”

“Eu estava olhando para Ti. Há muitos dias que te venho observando. Todos têm olhos, mas nem todos vêm as mesmas coisas. Eu tenho visto que Tu, de vez em quando, te pões sozinho … Nos primeiros dias, eu pensava que estivesses ofendido por alguma coisa. Mas depois vi que Tu o fazes sempre, nas mesmas horas, e que a Mamãe, que sempre te consola quando estás triste, não te diz nada, quando ficas com aquele rosto. Mas, ao contrário, se Ela estava falando, se cala, e se recolhe toda, Ela também. Eu vejo, sabes? Porque eu olho sempre para Ti e para Ela, para fazer o que vós estiverdes fazendo.

Eu perguntei aos apóstolos que é que ficas fazendo, pois certamente ficas fazendo alguma coisa. Eles me disseram: “Ele reza.” E eu lhes perguntei: “Que Ele diz?” Ninguém me respondeu, porque eles não sabem. Hoje eu vim atrás de Ti, todas as vezes que te vi ficar com aquele rosto, e fiquei te olhando, quando estavas rezando. Mas, não é sempre o mesmo o teu rosto. Nesta manhã, ao romper do dia, parecias um Anjo de Luz. Olhavas para as coisas com certos olhos, que eu creio que as tiravam das trevas mais do que o sol, tanto as coisas, como as pessoas.

E depois olhavas para o céu, e tinhas o rosto que tens, quando à mesa, ofereces o pão. Mais tarde, quando íamos atravessando aquela cidadezinha, Tu te foste colocar sozinho, no último lugar, e me parecias um pai, pois estavas muito ansioso para dizer, enquanto ias passando, palavras boas aos pobres daqueles daquele lugar. A um deles, Tu disseste: “Suporta com paciência, que logo Eu te aliviarei, e aliviarei aos outros teus companheiros.

Era o escravo daquele homem mau, que açulou contra nós os seus cães. Depois, enquanto se preparava a comida, Tu ficavas olhando para nós, com olhos cheios de bondade e de amor. Parecias uma mãe … Mas agora o Teu rosto tem sido de dor …. Que estás pensando, Jesus, nessas horas, sempre que ficas assim? … E também, às vezes, pela tarde, se não estou dormindo, eu te vejo muito sério. Tu me dizes como rezas e porque rezas?”

“Certamente, eu te direi. E assim tu rezarás comigo. O dia quem no-lo dá é Deus. O dia todo: tanto na sua parte luminosa, como na escura, tanto o dia, como a noite. É um dom de Deus podermos viver e ver a luz. É um meio de santificação a vida que vivemos. Não é verdade? Então é necessário santificar os momentos do dia inteiro, para conservar-nos em santidade e termos sempre presente em nosso coração o Altíssimo e as suas bondades e, durante esse mesmo tempo, deter longe o demónio.

Observa os passarinhos. Ao primeiro raio do sol, eles já cantam. Eles bendizem a luz. Também nós devemos bendizer a luz, que é um dom de Deus, e bendizer a Deus, que a concede, a Deus que é Luz. Ter desejo Dele, desde a primeira luz da manhã, como para pôr um selo de luz, uma nota de luz, sobre todo o dia que vem chegando, a fim de que ele seja luminoso e santo. E unir-se a todas as criaturas para cantar hossanas ao Criador.

Depois, como as horas vão passando, com o seu passar elas nos levam a verificar quanta dor e ignorância há neste mundo, e então é preciso rezar também para que as dores sejam aliviadas, para que a ignorância cesse, e Deus seja conhecido, amado, louvado por todos os homens que, se conhecessem a Deus, seriam sempre consolados em seu sofrimentos. E na hora sexta, rezar por amor à família. Saborear este dom de podermos estar unidos com quem nos ama. Isto também é um dom de Deus. E rezar para que o nosso alimento não se transforme de alimento em pecado. E, ao pôr-do-sol, rezar, pensando que a morte é o pôr-do-sol que nos espera a todos nós.

Então, rezemos para que o nosso pôr-do-sol, tanto o de cada dia, como da vida inteira, seja sempre realizado com a alma em estado de graça. E, quando se acenderem as luzes, rezai para dar graças por mais um dia que se foi, e para pedir protecção e perdão, a fim de podermos entregar-nos ao sono, sem medo de sermos julgados sem estarmos preparados, e dos assaltos do demónio. Rezai, enfim, durante a noite, - mas isto é para aqueles que não são meninos – em reparação pelos pecados da noite, para afastar Satanás dos fracos, a fim de que nos culpados nasçam a reflexão, a contrição e os bons propósitos, que deverão tornar-se realidades, ao nascer do sol. Aí está como há-de rezar, e porque é que reza um justo, durante o dia inteiro.”

“Mas, não me disseste porque é que te apartas dos outros, ficas sério e com um ar grave, à hora nona …”

“Porque … Eu digo: “Pelo sacrifício desta hora, venha o Teu reino ao mundo, e sejam redimidos todos aqueles que crêem no teu Verbo.” “Diz assim também tu.”

“Que sacrifício é? O incenso, com disseste, se oferece pela manhã e à tarde. As vítimas também na mesma hora todos os dias, sobre o altar do Templo. Depois, as vítimas, que são um cumprimento de votos ou expiações. Essas se oferecem em todas as horas. A hora nona não está indicada para nenhum rito especial.”

Jesus pára, segura o menino pelas duas mãos, e o levanta, confirmando-o firme diante de Si, e, como se estivesse recitando um salmo, com o rosto levantado, diz: “E entre a sexta e a nona, Aquele que veio como Salvador e Redentor, Aquele do qual falam os profetas, consumará seu sacrifício, depois de ter comido o pão amargo da traição, e dado o doce Pão da Vida, depois de ter-se espremido a Si mesmo como um cacho o é na tina, e depois de ter usado a Si mesmo para matar a sede dos homens e das ervas, de ter feito para Si púrpura de Rei com o seu sangue, depois de ter recebido uma coroa, de ter em suas mãos o ceptro, e de ter transportado o seu trono para um lugar alto a fim de que pudesse ser visto por Sião, por Israel e pelo mundo. Levantado com a purpurina veste de suas chagas inumeráveis, no meio das trevas, para fazer brilhar sua Luz, na morte para dar Vida, morrerá na hora nona e o mundo será redimido.”

Marziam espantado e muito pálido, olha para Ele, dando sinal, com seus lábios e com seus olhos assustados, de uma grande vontade de chorar. E com uma voz sem firmeza, diz: “Mas o salvador és Tu. E, então, serás Tu que irás morrer naquela hora?” As lágrimas começam a correr-lhe ao longo das faces e a pequena boca as vai bebendo, enquanto entreaberta, espera ainda um desmentido.

Mas, Jesus diz: “Serei Eu, ó pequeno discípulo. E por ti também.”

E, como o menino prorrompe em convulsivos soluços, Ele o aconchega sobre o coração, e diz:

“Ficas triste se Eu morrer?”

“Oh! Minha única alegria! Eu não quero isto! Eu … Faz-me morrer no teu lugar …”

“Tu terás que pregar-me por todo o mundo. Está dito. Mas escuta. Eu morrerei contente, porque sei que tu me amas. E depois ressuscitarei. Tu te lembras de Jonas? Ele saiu mais bonito do ventre da baleia, descansado e forte. Eu também e virei logo a ti, e te direi: “Pequeno Marziam, o teu pranto me tirou a sede. O teu amor me fez companhia no sepulcro. Agora, Eu venho dizer-te: “Sê meu sacerdote”, e Eu te beijarei, tendo, então, em Mim o odor do Paraíso.”

“Mas eu, onde estarei? Não estarei com Pedro? Ou com Tua Mãe?”

“Eu te salvarei das ondas infernais naqueles dias. Aos mais fracos e aos mais inocentes Eu os salvarei, menos a um … Marziam, pequeno apóstolo, queres ajudar-me a rezar para aquela hora?”

“Oh! Sim, Senhor! Mas, e os outros?”

“Este é um segredo entre Mim e ti. Um grande segredo. Porque Deus gosta de revelar-se aos pequenos … Não chore mais. Sorri, agora, pensando que depois Eu não sofrerei nunca mais e me lembrarei somente de todo o amor dos homens, e, em primeiro lugar, do teu. Vem, vem. Olha como os outros estão longe. Vamos dar uma corrida para alcança-los”, e Jesus o põe no chão, depois pega-o pela mão e se põem a correr, até se reunirem ao grupo.

“Mestre, que estavas fazendo?”

“Estava explicando a Marziam as horas do dia.”

“E o rapazinho chorou? Terá sido mau, nesse caso, Tu, por bondade, perdoa-lhe”, diz Pedro.

“Não Simão. Ele me ficou olhando rezar. Vós não fizestes isso. Ele me perguntou a razão. Eu lhe expliquei. O menino ficou comovido com as Minhas palavras. Agora deixai-o em paz. Vai à Minha Mãe, Marziam. E vós, ouvi todos. Não fará mal nem a vós a lição.”

E Jesus explica de novo a utilidade da oração nas horas principais do dia, deixando de lado a explicação da hora nona e terminando com estas palavras: “A união com Deus é isto: tê-lo presente em todos os momentos para louvá-lo ou invocá-lo. Fazei isto e progredireis na vida do espírito.”

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