quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Comemoração dos fiéis defuntos Finados 02 de novembro‏

A comemoração dos féis defuntos remonta ao ano 998. A divulgação desta comemoração se deve a Santo Odilon, abade de Cluny, que introduziu esta prática em todos os mosteiros beneditinos ligados ao de Cluny.



Em 1311, a Santa Sé oficializou a memória dos falecidos, estendendo-a a toda a Igreja. Esta comemoração leva-nos a professar, mediante a nossa fé, a ressurreição da carne. A nossa vida não termina dentro de um túmulo. Como Jesus de Nazaré, seremos ressuscitados pelo poder de Deus. Nossos dias não são senão a longa gestação para este nascimento definitivo.



Em (Jo 5,28-29) está escrito: “Vem a hora em que todos os que repousam nos sepulcros ouvirão a voz do Senhor e sairão, os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; os que praticaram o mal, vão ressuscitar para a condenação”.



Desde o Antigo Testamento, a fé em Deus leva o ser humano a uma esperança que supera a morte. De fato, o justo caracteriza-se pela simplicidade de vida que o permite reconhecer a ação de Deus em sua história e agir seguindo o horizonte da fé. Cristo é a imagem real da justiça divina. Nele, nossa esperança de vida plena se realiza. Ressuscitando dos mortos, Ele nos comunica a vida divina.



A realidade da morte ensina-nos que não somos eternos. A dor, o sofrimento e morte nos apontam para a necessidade que temos de Deus. Ele é fonte de vida e de esperança. Quando a Igreja nos convida para fazermos memória de nossos falecidos, tem a intenção de nos ajudar a encontrar em Deus a certeza da vitória da vida sobre a morte. A Eucaristia, celebração central da fé cristã, recorda-nos o mistério de Jesus. Ele, como Filho de Deus, passou pela morte e, ao ressuscitar, comunica-nos a vida plena, vinda de Deus. Cremos que a salvação chega até nós por Jesus Cristo, o Filho de Deus ressuscitado. Por Ele, recebemos a plenitude da vida.



Com esperança nos reunimos neste dia, na Igreja e nos cemitérios, para rezar pelo descanso eterno dos nossos irmãos e irmãs na Casa do Pai. Ao mesmo tempo, queremos refletir sobre nossa vida, grande dom de Deus.



OS TRÊS AMIGOS



Havia um homem que tinha 3 amigos, aos quais dava muito apreço e atenção. Um dia esse homem foi avisado que se preparasse a fim de comparecer perante o juiz.

O homem teve receio de ir sozinho. Lembrou-se então de seus 3 amigos. Talvez pudessem acompanhá-lo e quem sabe, até defendê-lo diante do juiz. Afinal de contas, amigo é para isso mesmo, ou seja, para as horas de aperto.

O homem mandou chamar o 1º, a quem expôs o seu problema. Ele, porém, respondeu: “Pouca coisa posso fazer por você. Mas o que posso, eu o farei. Pago as despesas de viagem”. Era pouco, realmente. O que mais interessava, era a companhia.

Mandou vir o 2º amigo, que lhe respondeu meio pesaroso: “Ir com você até o juiz, não posso. Você entende não é? Cada um tem seus problemas particulares, onde a gente não entra. Mas vou com você até a porta do tribunal. Dali eu voltarei”. Também não servia. O momento mais difícil e cruciante era o inquérito o julgamento do juiz.

Já quase sem esperança, pediu que viesse o 3º amigo. Esse respondeu com calma e segurança: “Sim, eu posso ir com você. Posso acompanhá-lo e ficar ao seu lado durante o interrogatório”.



Amigo leitor, você sabe quais eram os nomes desses 3 amigos?

- O primeiro é o dinheiro. Paga o caixão quando morremos.

- O segundo é a família. Acompanha-nos até a sepultura. Depois volta para casa. Nada mais pode fazer, a não ser, rezar pelos defuntos.

- O terceiro amigo são as boas obras que praticamos. Somente estas nos acompanham até a eternidade. Somente elas nos defendem perante Deus.



Você já leu o que está escrito em 2Cor 5,10?

“Teremos de comparecer diante do tribunal de Cristo. Ali cada um receberá o que mereceu, conforme o bem ou o mal que tiver feito enquanto estava no corpo...”



Significativo o trecho do livro da Sabedoria (3,1-6): “Mas as almas dos justos estão na mão de Deus, e nenhum tormento os tocará. Aparentemente estão mortos aos olhos dos insensatos: seu desenlace é julgado como uma desgraça. E sua morte como uma destruição, quando na verdade estão na paz!Se aos olhos dos homens suportaram uma correção, a esperança deles era portadora de imortalidade, e por terem sofrido um pouco, receberão grandes bens, porque Deus, que os provou, achou-os dignos de si. Ele os provou como ouro na fornalha, e os acolheu como holocausto.”

Ele dá a entender que para quem creu em Deus e o serviu durante esta vida, a morte não é um caminhar para o nada e, sim para os braços de Deus. É o encontro pessoal com o Senhor para viver junto dele no amor e na alegria de sua amizade.





Esta visão serena e otimista da morte baseia-se na fé em Cristo. Porque como diz São Paulo na carta aos Rm 14,8 “Quer vivamos, quer morramos, somos do Senhor”. Se somos dele em vida, continuaremos tais na morte. Cristo, Senhor de nossa vida, será o Senhor de nossa morte. Nesta perspectiva a morte não se apresenta como destruição do homem, e sim como trânsito, aliás, nascimento para a vida eterna.

Rezemos uns pelos outros e sobretudo pelos mortos porque, como bem diz o livro de 2Mc 12,46; santo e salutar é o pensamento de rezar pelos defuntos, para que sejam libertados de seus pecados.



PRECE

Deus nosso Pai, vos pedimos pelos que faleceram, especialmente os que nos são caros: nossos familiares, parentes, amigos, companheiros de luta e de trabalho.

Nós vos pedimos, sobretudo, por todos que morreram estupidamente, vítimas da brutalidade, da ignorância de seus próprios semelhantes.

Pelos que não tiveram o direito de viver dignamente sua vida, os que tiveram abafadas suas vidas antes do nascimento.

Senhor, nosso Deus, vós que quereis que cada um de nós viva plenamente, dai-nos forças para lutarmos contra tudo e contra todos os que desrespeitam a vida.

Fazei, Senhor, cair as estruturas injustas e opressoras. Devolvei aos povos oprimidos sua esperança de vida digna e melhor.

Tornai, com nossa cooperação, este mundo uma “casa habitável”, onde não haja fome nem sofrimento provocados pelo egoísmo humano.

Que o Senhor fortaleça nossa fé na ressurreição e nos torne sensíveis e respeitosos ao dom da vida.

Que o Senhor nos conceda o perdão dos pecados, e a todos os que morreram, a paz e a luz eterna.

E todos nós crendo que Cristo ressuscitou dentre os mortos, vivamos eternamente com ele. Amém.

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