domingo, 14 de novembro de 2010

Christifideles Laici - Capítulo III (42/44)



(42)Todos destinatários e protagonistas da política . A caridade que ama e serve a pessoa nunca poderá estar dissociada da justiça: uma e outra, cada qual à sua maneira, exigem o pleno reconhecimento efetivo dos direitos da pessoa, a que é ordenada a sociedade com todas as suas estruturas e instituições.
Para animar cristãmente a ordem temporal, no sentido que se disse de servir a pessoa e a sociedade, os fiéis leigos não podem absolutamente abdicar da participação na « política », ou seja, da múltipla e variada ação econômica, social, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover orgânica e institucionalmente o bem comum. Como repetidamente afirmaram os Padres sinodais, todos e cada um têm o direito e o dever de participar na política, embora em diversidade e complementariedade de formas, níveis, funções e responsabilidades. As acusações de arrivismo, idolatria de poder, egoísmo e corrupção que muitas vezes são dirigidas aos homens do governo, do parlamento, da classe dominante ou partido político, bem como a opinião muito difusa de que a política é um lugar de necessário perigo moral, não justificam minimamente nem o cepticismo nem o absenteismo dos cristãos pela coisa pública.
Pelo contrário, é muito significativa a palavra do Concílio Vaticano II: « A Igreja louva e aprecia o trabalho de quantos se dedicam ao bem da nação e tomam sobre si o peso de tal cargo, ao serviço dos homens ».
Uma política em favor da pessoa e da sociedade tem o seu critério de base na busca do bem comum, como bem de todos os homens e do homem todo, bem oferecido e garantido para ser livre e responsavelmente aceite pelas pessoas, tanto individualmente como em grupo « A comunidade política — lemos na Constituição Gaudium et spes — existe precisamente em vista do bem comum; nele ela encontra a sua completa justificação e significado e dele deriva o seu direito natural e próprio. Quanto ao bem comum, ele compreende o conjunto das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição ».
Além disso, uma política em favor da pessoa e da sociedade encontra a sua linha constante de acção na defesa e na promoção da justiça, entendida como « virtude » para a qual todos devem ser educados e como « força » moral que apoia o empenho em favorecer os direitos e os deveres de todos e de cada um, na base da dignidade pessoal do ser humano.
No exercício do poder político é fundamental o espírito de serviço, único capaz de, ao lado da necessária competência e eficiência, tornar « transparente » ou « limpa » a atividade dos homens políticos, como aliás o povo justamente exige. Isso pressupõe a luta aberta e a decidida superação de certas tentações, tais como, o recurso à deslealdade e à mentira, o desperdício do dinheiro público em vantagem de uns poucos e com miras de clientela, o uso de meios equívocos ou ilícitos para a todo o custo conquistar, conservar e aumentar o poder.
Os fiéis leigos empenhados na política devem certamente respeitar a autonomia das realidades terrenas, retamente entendida, como lemos na Constituição Gaudium et spes: « é de grande importância, sobretudo onde existe uma sociedade pluralista, que se tenha uma concepção exata das relações entre a comunidade política e a Igreja, e ainda que se distingam claramente as atividades que os fiéis, isoladamente ou em grupo, desempenham em próprio nome como cidadãos guiados pela sua consciência de cristãos, e aquelas que eles exercem em nome da Igreja e em união com os seus pastores. A Igreja que, em razão da sua missão e competência, de modo algum se confunde com a sociedade nem está ligada a qualquer sistema político determinado, é, ao mesmo tempo, o sinal e salvaguarda da transcendência da pessoa humana »,(152) Simultaneamente — e hoje sente-se-o com urgência e responsabilidade — os fiéis leigos devem dar testemunho daqueles valores humanos e evangélicos que estão intimamente ligados à própria atividade política, como a liberdade e a justiça, a solidariedade, a dedicação fiel e desinteressada ao bem de todos, o estilo simples de vida, o amor preferencial pelos pobres e pelos últimos. Isso exige que os fiéis leigos sejam cada vez mais animados de uma real participação na vida da Igreja e iluminados pela sua doutrina social. Para isso poder-lhes-á ser de apoio e de ajuda a familiaridade com as comunidades cristãs e com os seus Pastores.
Estilo e meio de realizar uma política que tenha em vista o verdadeiro progresso humano é a solidariedade: esta pede a participação ativa e responsável de todos na vida política, desde os cidadãos individualmente aos vários grupos, sindicatos e partidos: todos e cada um somos simultaneamente destinatários e protagonistas da política. Neste campo, como escrevi na Encíclica Sollicitudo rei socialis, a solidariedade « não é um sentimento de vaga compaixão ou de enternecimento superficial pelos males sofridos por tantas pessoas, próximas ou distantes. Pelo contrário, é a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum; ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos ».
A solidariedade política deve hoje atuar num horizonte que, superando uma simples nação ou um simples bloco de nações, assuma uma dimensão mais propriamente continental e mundial.
O fruto da atividade política solidária, a que todos tanto aspiram, e, todavia, sempre tão imperfeito, é a paz. Os fiéis leigos não podem ficar indiferentes, estranhos e indolentes diante de tudo o que negue ou comprometa a paz: violência e guerra, tortura e terrorismo, campos de concentração, militarização da política, corrida aos armamentos, ameaça nuclear. Antes, como discípulos de Cristo « Príncipe da paz » (Is 9, 5) e « Nossa Paz » (Ef 2, 14), os fiéis leigos devem assumir o dever de serem « construtores de paz » (Mt 5, 9), tanto com a conversão do « coração », como com a ação em favor da verdade, da liberdade, da justiça e da caridade que são os fundamentos irrenunciáveis da paz.
Colaborando com todos aqueles que procuram verdadeiramente a paz e servindo-se dos específicos organismos e instituições nacionais e internacionais, os fiéis leigos deverão promover uma capilar ação educativa destinada a neutralizar a dominante cultura do egoísmo, do ódio, da vingança e da inimizade e a desenvolver a cultura da solidariedade a todos os níveis. Tal solidariedade, com efeito, « é caminho para a paz e simultaneamente para o progresso ». Nesta ordem de ideias, os Padres sinodais convidaram todos os cristãos a recusar formas inaceitáveis de violência, a promover comportamentos de diálogo e de paz e a empenhar-se na instauração de uma ordem social e internacional justa.
Pôr o homem no centro da vida econômico-social
43. O serviço prestado à sociedade pelos fiéis leigos tem um seu momento essencial na questão econômico-social, cuja chave é dada pela organização do trabalho.
A gravidade atual de tais problemas, individuada no panorama do progresso e segundo a proposta de solução oferecida pela doutrina social da Igreja, foi recordada recentemente na Encíclica Sollicitudo rei socialis, que quero vivamente recomendar a todos, em especial aos fiéis leigos.
Entre os princípios fundamentais da doutrina social da Igreja encontra-se o do destino universal dos bens: os bens da terra são, no desígnio de Deus, oferecidos a todos os homens e a cada um deles como meio do desenvolvimento de uma vida autenticamente humana. A propriedade privada que, precisamente por isso, possui uma intrínseca função social, está ao serviço desse destino. Concretamente o trabalho do homem e da mulher representa o instrumento mais comum e mais imediato para o progresso da vida econômica, instrumento que constitui simultaneamente um direito e um dever de cada homem.
Tudo isto faz parte, de modo particular, da missão dos fiéis leigos. O fim e o critério da sua presença e da sua ação são, em termos gerais, formulados pelo Concílio Vaticano II: « Também na vida econômica e social se devem respeitar e promover a dignidade e a vocação integral da pessoa humana e o bem de toda a sociedade. Com efeito, o homem é o protagonista, o centro e o fim de toda a vida econômico-social ».
No contexto das importantes transformações em curso no mundo da economia e do trabalho, os fiéis leigos, empenhem-se em primeira linha na solução dos gravíssimos problemas do crescente desemprego, lutando em favor de uma mais rápida superação das numerosas injustiças que provêm de deficientes organizações do trabalho, transformando o lugar de trabalho numa comunidade de pessoas respeitadas na sua subjetividade e no seu direito à participação, desenvolvendo novas formas de solidariedade entre aqueles que tomam parte no trabalho comum, fomentando novos tipos de empresariedade e revendo os sistemas de comércio, de finança e de intercâmbios tecnológicos.
Em vista de tais objetivos, os fiéis leigos deverão executar o seu trabalho com competência profissional, com honestidade humana, espírito cristão, como meio da própria santificação, segundo o convite explícito do Concílio: « Com o seu trabalho, o homem sustenta de ordinário a própria vida e a dos seus; por meio dele se une e serve os seus irmãos, pode exercer uma caridade autêntica e colaborar no acabamento da criação divina. Mais ainda, sabemos que, oferecendo a Deus o seu trabalho, o homem se associa à obra redentora de Cristo, o qual conferiu ao trabalho uma dignidade sublime, trabalhando com as suas próprias mãos em Nazaré ».
Em relação com a vida econômico-social e com o trabalho, levanta-se hoje, de forma cada vez mais aguda, a chamada questão « ecológica ». Sem dúvida, o homem recebeu do próprio Deus a missão de « dominar » as coisas criadas e de a cultivar o jardim » do mundo; mas, esta é uma tarefa que o homem deve desempenhar no respeito pela imagem divina que recebeu e, portanto, com inteligência e com amor: deve sentir-se responsável pelos dons que Deus lhe deu e continuamente lhe dá. O homem tem nas suas mãos um dom para transmitir — e, possivelmente, mesmo melhorado — às gerações futuras, também elas destinatárias dos dons do Senhor: « O domínio conferido ao homem pelo Criador não é um poder absoluto, nem se pode falar de liberdade de \"usar e abusar\" ou de dispor das coisas como melhor agrade. A limitação imposta pelo mesmo Criador, desde o princípio, e expressa simbolicamente com a proibição de \"comer o fruto da árvore\" (cf. Gn 2, 16 s.), mostra com suficiente clareza que, nas relações com a natureza visível, nós estamos submetidos a leis, não só biológicas mas também morais, que não podem impunemente ser transgredidas. Uma justa concepção do desenvolvimento não pode prescindir destas considerações — relativas ao uso dos elementos da natureza, às possibilidades de renovação dos recursos e às consequências de uma industrialização desordenada — as quais propõem uma vez mais à nossa consciência a dimensão moral, que deve distinguir o desenvolvimento ».
Evangelizar a cultura e as culturas do homem
44. O serviço à pessoa e à sociedade humana exprime-se e realiza-se através da criação e transmissão da cultura, que, especialmente nos nossos dias, constitui uma das mais graves tarefas da convivência humana e da evolução social. A luz do Concílio, entendemos por « cultura » todos aqueles « meios com que o homem afina e usa os seus múltiplos dons de alma e de corpo; procura submeter ao seu poder, com o saber e o trabalho, o próprio cosmos; torna mais humana a vida social, tanto na família como em toda a sociedade civil, com o progresso do costume e das instituições; enfim, no decorrer do tempo, exprime, comunica aos outros e conserva nas suas obras, para que sejam de proveito a muitos e mesmo a humanidade inteira, as suas grandes experiências espirituais e as suas aspirações ».
Nesse sentido, a cultura deve ser considerada como o bem comum de cada povo, a expressão da sua dignidade, liberdade e criatividade; o testemunho do seu percurso histórico. Em particular, só dentro e através da cultura, é que a fé cristã se torna histórica e criadora de história.
Perante o progresso de uma cultura que aparece divorciada não só da fé cristã, mas até dos próprios valores humanos, bem como perante uma certa cultura científica e tecnológica incapaz de dar resposta à premente procura de verdade e de bem que arde no coração dos homens, a Igreja tem plena consciência da urgência pastoral de se dar à cultura uma atenção toda especial.
Por isso, a Igreja pede aos fiéis leigos que estejam presentes, em nome da coragem e da criatividade intelectual, nos lugares privilegiados da cultura, como são o mundo da escola e da universidade, os ambientes da investigação científica e técnica, os lugares da criação artística e da reflexão humanística. Tal presença tem como finalidade não só o reconhecimento e a eventual purificação dos elementos da cultura existente, criticamente avaliados, mas também a sua elevação, graças ao contributo das originais riquezas do Evangelho e da fé cristã. O que o Concílio Vaticano II escreve sobre a relação entre o Evangelho e a cultura representa um fato histórico constante e, simultaneamente, um ideal de ação de singular atualidade e urgência; é um programa empenhativo que se impõe à responsabilidade pastoral da Igreja inteira e, nela, à responsabilidade específica dos fiés leigos: « A boa nova de Cristo renova continuamente a vida e a cultura do homem decaído, combate e elimina os erros e males nascidos da permanente sedução e ameaça do pecado. Purifica sem cessar e eleva os costumes dos povos ... Desse modo, a Igreja, só com realizar a própria missão, já com isso mesmo estimula e ajuda a civilização e, com a sua atividade, também a litúrgica, educa o homem para a liberdade interior ».
Merecem ser aqui ouvidas de novo certas expressões particularmente significativas da Exortação Evangelii nuntiandi de Paulo VI: « A Igreja evangeliza quando, unicamente firmada na potência divina da Mensagem que proclama (cfr. Rom 1, 16; 1 Cor 1, 18; 2, 4), procura converter, ao mesmo tempo, a consciência pessoal e coletiva dos homens, a atividade a que se dedicam e a vida e o meio concreto que lhes são próprios. Estratos da humanidade que se transformam: para a Igreja não se trata tanto de pregar o Evangelho a espaços geográficos cada vez mais vastos ou populações maiores em dimensões de massa, mas de chegar a atingir e como que a modificar pela força do Evangelho os critérios de julgar, os valores que contam, os centros de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade, que se apresentam em contraste com a Palavra de Deus e com o desígnio da salvação. Poder-se-ia exprimir tudo isto dizendo: importa evangelizar — não de maneira decorativa, como que aplicando uma verniz superficial, mas de maneira vital, em profundidade e isto até às suas raízes — a cultura e as culturas do homem ... A ruptura entre o Evangelho e a cultura é, sem dúvida, o drama da nossa época, como o foi também de outras épocas. Importa, assim, envidar todos os esforços no sentido de uma generosa evangelização da cultura, ou, mais exatamente, das culturas ».
O caminho que hoje se privilegia para a criação e a transmissão da cultura é o dos instrumentos da comunicação social. Também o mundo dos « mass-media », na sequência do acelerado progresso das inovações e da influência, ao mesmo tempo planetária e capilar, sobre a formação da mentalidade e do costume, constitui uma nova fronteira da missão da Igreja. Em particular, a responsabilidade profissional dos fiéis leigos neste campo, exercida, tanto a título pessoal como através de iniciativas e instituições comunitárias, deve ser reconhecida em todo o seu valor e apoiada com mais adequados recursos materiais, intelectuais e pastorais.
No uso e na recepção dos instrumentos de comunicação, tornam-se urgentes tanto uma ação educativa em ordem ao sentido crítico, animado da paixão pela verdade, como uma ação de defesa da liberdade, do respeito pela dignidade pessoal, da elevação da autêntica cultura dos povos, com a recusa, firme e corajosa, de toda a forma de monopolização e de manipulação.
Não deve ficar por esta ação de defesa a responsabilidade pastoral dos fiéis leigos: em todos os caminhos do mundo, também nos principais da imprensa, do cinema, da rádio, da televisão e do teatro, deve anunciar-se o Evangelho que salva.

Creio na Igreja Católica - Primeira parte

*Fora da Igreja não há salvação\"





“Eu te digo tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei A MINHA IGREJA, e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”. (Mt 16,18). Disse o ínclito Bispo Doutor da Santa Madre Igreja, Santo Agostinho de Hipona (354 – 430): “Onde está a Igreja ai está o Espírito de Deus. Na medida que alguém AMA A IGREJA é que possui o Espírito Santo”. A palavra “Igreja” [“ekklésia”, do grego “ek-Kalein – “Chamar fora] significa “convocação”. Designa Assembléia do povo, geralmente de caráter religioso. Na linguagem cristã, a palavra “Igreja” designa a assembléia litúrgica, mas também comunidade local ou toda a comunidade universal dos crentes. “A Igreja” é o Povo que Deus reúne no mundo inteiro. Existe nas comunidades locais e se realiza como assembléia litúrgica, sobretudo eucarística. Vive da Palavra e do Corpo de Cristo e ela mesma se torna assim Corpo de Cristo (CIC Nº 752). A Igreja é a sociedade que Nosso Senhor Jesus Cristo fundou para continuar sua obra de santificação, governo, missão e ensino proporcionando a todos os seres humanos os frutos da bendita Redenção. Cristo mandou aos santos Apóstolos, sob a chefia de São Pedro Apóstolo, que governassem e ensinassem sua Igreja; e Ele próprio instituiu a Santa Missa e os Sacramentos com meios para a santificação de todas as pessoas. Finalmente, Jesus Cristo garantiu-lhes que sua presença seria contínua dizendo: “Eu estarei convosco todos os dias até a consumação dos tempos” (Mt 28,19.20). A Igreja é portanto, a união de Cristo com a Humanidade numa sociedade hierárquicamente organizada.

Uma vez que é uma sociedade de que tem Cristo como fundador e cabeça e que seus membros têm suas vidas nele, a Igreja é mais conveniente designada como o “Corpo Místico de Cristo”. Diz Santo Tomás de Arquino (1225-1274): “Caput et membra, quasi una persona mystica – Cabeça e membros são como que uma só pessoa mística”. A Igreja abrange todos os batizados que professam a verdadeira Fé e estão em comunhão legítima com o Papa. O ser membro real e visível da Igreja é o caminho normal estabelecido por Cristo para a salvação. Descreve o Catecismo da Igreja Católica: “A Igreja é ao mesmo tempo visível e espiritual, sociedade hierárquica e Corpo Místico de Cristo. Ela una, formada de um elemento humano e um elemento divino. Somente a fé pode acolher este mistério” (CIC Nº 776).

São Paulo Apóstolo afirma: “É grande este mistério: refiro-me à relação entre Cristo e a sua Igreja” (Ef 5,32). O grande teólogo alemão Karl Rahner disse: “A Igreja Santa, de homens pecadores”. “A Igreja é no mundo presente o sacramento da salvação, o sinal e o instrumento da Comunhão de Deus e dos homens” (CIC Nº 780). “A Igreja do Deus vivo: coluna e sustentáculo da verdade”. (1 Tm 3,15). São João Crisóstomo (350-407), exortava: “Não te afaste da Igreja: Nada é mais forte do que ela. Ela é a tua esperança, o teu refúgio. Ela é mais alta que o céu e mais vasta que a terra. Ela nunca envelhece”.

Os Quatros Sinais da Igreja

Assim professamos a nossa fé santíssima no Símbolo niceno-constantinopolitano: “Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica”. Esses são os sinais ou notas características essenciais da verdadeira Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Fica claro que, sem esses quatro atributos não existe a Igreja de Jesus Cristo. Cristo projetou esses quatro sinais como evidência identificáveis da sua Santa Igreja, que garantem a sua visibilidade, perpetuidade, indefectibilidade e infalibilidade no decorrer da história.

A Igreja é Una

De acordo com a vontade de Nosso Senhor, todos os membros de sua Igreja devem ser um, isto é, unidos em professar a mesma fé, um só batismo (Ef 4, 3-6), oferecer o mesmo sacrifício, receber os mesmos sacramentos e obedecer à mesma autoridade, o Papa. Os Santos Padres da Igreja diziam: “Ubi Petrus, ibi Ecclésia; ubi Ecclésia, ibi Christus” (“Onde está Pedro está a Igreja, onde está a Igreja está Jesus Cristo”). Não existe algo tão fundamental na Santa Madre Igreja do que a sua unidade. Nosso Senhor, antes de ser imolado na dolorosa cruz do Calvário, em sua oração sacerdotal, suplicou ao Pai com todo ardor de sua alma: “Pai santo, guarda-os em teu nome que me deste para que sejam um como nós. A fim de que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes dei a glória que me deste para que sejam um, como nós somos um: Eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e para que o mundo reconheça que me enviaste e os amaste como amaste a mim” (Jo 17,11.21-23). São Paulo Apóstolo tinha consciência da unidade suplicada por Cristo. Seu apostolado ficou marcado pelo ensino da unidade. Escrevendo a igreja de Éfeso, ele pede: “Suportando-vos uns aos outros com amor, procurando conservar a unidade do Espírito Santo pelo vínculo da paz” (Ef 4,2-3). A comunidade de Corinto ele vocifera: “Eu vos exorto, irmãos, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo: guardai a concórdia uns com os outros, de sorte que não haja divisões entre vós; sede estritamente unidos no mesmo espírito e no mesmo modo de pensar” (1 Cor 1,10). Tudo indica que São Cipriano foi o maior paladino da unidade da Igreja Católica de Cristo. Thascius Caecilius Cyprianus, foi o respeitado bispo de Cartago de 248 até o seu martírio por decapitação em 258. Em sua obra-prima de Unitate Ecclesiae, São Cipriano insiste na questão da autoridade unificadora do bispo e na unidade da Igreja.

Escreve o grande apologista da unidade:

“Principalmente nós, que presidimos a Igreja como bispos, devemos manter e defender firmemente esta unidade, dando provas da união e indivisibilidade do episcopado... O episcopado é único e dele possui por inteiro cada bispo a sua porção. A Igreja é uma só, embora abranja uma multidão pelo contínuo aumento de sua fecundidade. Assim como há uma luz nos muitos raios de sol, uma árvore em muitos ramos, um só tronco fundamentado em raízes tenazes, muitos rios de uma única fonte, assim também esta multidão guarda a unidade de origem, se bem que pareça dividida por causa da inumerável profusão dos que nascem. A unidade da luz não comporta que se separe um raio do centro solar; um ramo quebrado da árvore não cresce, cortado da fonte o rio seca imediatamente. Do mesmo modo a Igreja do Senhor, como luz derramada estende os seus raios em todo mundo, e é uma única luz que se difunde sem perder a própria unidade. Ela desdobra os ramos por toda a terra, com grande fecundidade; estende-se ao longo dos rios, com toda liberalidade, e no entanto é uma na cabeça, uma pela origem, uma só mãe imensamente fecunda. Nascemos todos do seu ventre, somos nutridos com seu leite e animados por seu espírito”.

A Esposa de Cristo não pode ser adulterada, ela é incorrupta e pura, não conhece mais que uma só casa, guarda com casto pudor a santidade do único tálamo. Ela nos conserva para Deus, entrega ao reino os filhos que gerou. Quem se aparta da Igreja e se junta a uma adultera, separa-se das promessas da Igreja. Quem deixa a Igreja de Cristo não alcançará os prêmios de Cristo. É um estranho, um profano, um inimigo. Não pode ter Deus por Pai quem não tem a Igreja por mãe. Se alguém se pôde salvar dos que ficaram fora da arca de Noé, também se salvará os que estiverem fora da Igreja. O Senhor nos admoesta e diz: “Quem não está comigo está contra mim, e quem não ajunta comigo, dispersa” (Mt 12,30). Torna-se adversário de Cristo quem rompe a paz e a concórdia de Cristo; aquele que noutra parte recolhe, fora da Igreja, dispersa a Igreja de Cristo”.

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