sábado, 16 de outubro de 2010

Relato do padre Steven Scheier



O padre Steven Scheier, dos Estados Unidos, sofreu um acidente de carro em 1985. Quase morto, teve uma visão do seu Julgamento: “Eu estava diante do Trono da Justiça de Cristo. Ele fez toda a revisão de minha vida, acusando-me de várias coisas, de todas quais eu fiz. No final, Ele disse: “A sua sentença por toda a eternidade será o Inferno.” E eu disse: “Senhor, eu sei.” Eu sabia que isto era o que merecia. Então, escutei uma voz feminina dizendo: “Filho, por favor, perdoe a vida dele e sua alma imortal.” Ele disse: “Mãe, por 12 anos, ele tem sido um sacerdote só para si mesmo e não para mim. Deixe que eu conceda o castigo que ele merece.” E Ela continuou dizendo: “Mas Filho, se dermos graças e forças especiais a ele, veremos se dá frutos. Caso contrário, a sua vontade será feita.” Ele então disse: “Mãe, o filho é seu.” Padre Steven Scheier sobreviveu milagrosamente ao acidente. Ele nos conta sobre sua vida antes do acidente e porque quase se condenou:



“Fui ordenado em 1973. Não tenho como comparar a minha vida como sacerdote nesse tempo, no dia-a-dia, creio que não estava muito bem. Eu me preocupava, mas nunca pensava em meus companheiros. E meu sacerdócio não estava ao serviço do povo de Deus, senão em como as pessoas pensavam do que eu estava sendo. Especialmente o que pensavam meus irmãos sacerdotes, depois que fui ordenado. Estes foram os meus primeiros 11 anos desde que fui ordenado. Eu preocupava com o que pensavam meus companheiros sacerdotes. Não acudíamos a outros sacerdotes para direção espiritual, não ajudávamos os outros sacerdotes para assuntos espirituais. Sobre um padre ou outro, eu dizia que não tinha nada a ver sobre o sacerdócio. Conseqüentemente, eu nunca ia a outro sacerdote com algum problema, um problema de pecado, problema espiritual. Não ia. Dentro de mim, eu sabia que não estava sendo o que devia ser, que não era o sacerdote que devia ser. Eu escondia esse ponto e as pessoas pensavam que eu era um bom sacerdote. Era uma espécie de verniz para todos que eu estava sendo mau e incompleto. Em 18 de outubro de 1985, eu estava em uma pequena paróquia no Kansas, chamada Sagrado Coração. A única estrada acessível era a 86, a estrada em que tive o acidente. Ela é fortemente traficada por caminhões, caminhonetes, ônibus. Numa manhã, fui para ver um sacerdote sobre algo relacionado à paróquia. À tarde, andando de carro nesta estrada, me vi morto em um choque de frente com um caminhão. Graças a Deus não morri. Fui lançado fora de meu veiculo e sofri lacerações muito grandes em minha cabeça. Mais tarde, os médicos me contaram que devido ao corpo ser lançado fora do veiculo, meu cérebro foi cortado e muitas células foram afastadas. Eu estava praticamente inconsciente. Atrás de mim e dos outros veículos, veio a ambulância. Uma enfermeira religiosa do Kansas me disse depois numa carta que tratou de me ajudar com uma Ave Maria. Eu não a conhecia, mas ela estava rezando a Ave Maria. A minha segunda vértebra cervical ficou quebrada. Quando ela se rompe, a pessoa se asfixia. Se minha cabeça fosse atingida de frente ou de lado, teria asfixiado também. Eu teria morrido. Veio a ambulância e me trataram de acordo com a situação e levaram para um pequeno hospital no Kansas. Lá, um medico comentou a esta freira que não haveria muito a fazer por mim. Pediram um helicóptero de resgate e me levaram para um hospital maior. Nesse tempo todo, eu estava inconsciente. Me levaram para o centro de traumatologia do hospital, onde me atenderam. Um paroquiano perguntou aos enfermeiros sobre meu estado e os médicos me deram 15% de probabilidade de vida. Eu pensava em minha mãe, pois se preocupava muito. Mais tarde, fiquei sabendo que o ministro da Eucaristia tinha passado a noite inteira em oração por mim. Abriram as portas da igreja de minha paróquia e oraram por mim. Abriram as portas de minha própria igreja e as pessoas vieram toda a noite e rezaram o Terço, entre outros que também rezaram. Deus escuta as orações de todos e é por isso que me encontro aqui na frente de todos vocês. Me recuperei de minha experiência no hospital em tempo recorde. Me deram alta em 2 de dezembro de 1985. Todavia, minha cabeça e corpo estavam imobilizados. O bispo mandou abrir minha paróquia de modo que voltei em maio de 1986. No regresso à minha paróquia, quando estava celebrando Missa e escutando trecho do Evangelho de Lucas, um trecho que gosto muito: a Parábola do agricultor que olhava a figueira que não dava frutos há mais de três anos. Por que não a corta e joga ao fogo? Por que ocupar a terra? E o viticultor pergunta: Senhor, por que não põe adubo? Então veremos se produz frutos. Caso contrário, iremos cortá-la. Quando eu estava lendo isto no lecionário da Igreja, fiquei estupefato. A página como que saltou do lecionário para mim. Terminei a Missa o melhor que pude, regressei à diretoria, me sentei e tomei várias xícaras de café. E recordei de uma conversa que tive pouco depois do acidente. Eu estava diante do Trono da Justiça de Cristo. Não tenho como calcular o quanto demorou a passar toda a revisão de minha vida, acusando-me de várias coisas, de todas quais eu fiz. Não houve repreensões. Eu havia imaginado como muitos outros imaginariam, que quando me apresentasse diante do Trono da Justiça, poderia apresentar muitas desculpas dizendo para o Senhor que me provocaram. Eu teria uma série de desculpas pelo meu fracasso. Mas Ele estava falando a verdade. E quando falam a verdade, não se pode apresentar desculpas. Tudo o que eu dizia era: “Sim, essa é a verdade. Senhor, eu sei.” No final, Ele diz: “A sua sentença por toda a eternidade será o Inferno.” E eu disse: “Senhor, eu sei, eu sei. É a única coisa que poderia ser. É a única coisa lógica que poderia ser.” Eu sabia que isto era o que merecia. E eu só o escutei. Então, escutei uma voz feminina dizendo: “Filho, por favor, perdoe a vida dele e sua alma imortal.” Ele disse: “Mãe, por 12 anos, ele tem sido um sacerdote só para si mesmo e não para mim. Deixa que eu conceda o castigo que ele merece.” E Ela continuou dizendo: “Mas Filho, se dermos graças e forças especiais a ele, veremos se dá frutos. Caso contrário, faça a sua vontade.” Houve uma pausa bem curta. Ele então disse: “Mãe, o filho é seu.” Desde então, tenho sido Dela, ordinariamente e sobrenaturalmente. Como estava dizendo, acho que existem coisas graças à Mãe. Mas vocês podem estar perguntando: padre, você tinha uma devoção especial a Ela antes do acidente? Eu digo que não. Devo confessar outra coisa. Eu creio em nosso Senhor Jesus Cristo, em Nossa Senhora, nos Anjos e nos Santos de duas maneiras: com a cabeça, intelectualmente e com meu coração. Isto é importante. Eu acreditava no que tem lá em cima, mas não sabia nada sobre isto. Eu acreditava nos Anjos, nos Santos, nosso Senhor Jesus Cristo, mas eram amigos imaginários. Não eram reais. Quando recuperei a consciência e o pensamento de novo, essa era uma das coisas de que eu estava muito consciente. Eram as únicas coisas reais que existiam. E o mundo não era mais que um mundo de sombras. Só pensávamos num lugar: nós aqui e muitas de nossas prioridades estavam confundidas. Minhas próprias prioridades estavam confundidas. Minha própria prioridade passou a ser salvar minha alma e ajudar os outros a se salvar. É isto o que um sacerdote devia ser de todas as maneiras. E inverti este futuro. Não é o futuro no qual eu estava andando, mas na felicidade aqui da Terra como um sacerdote retirado. Mas se o padre morre, seus paroquianos não irão pensar que seu pároco terá ido para o Inferno? Não. Mas como disse, uma das coisas que me assombraram foram opiniões de tomei conta da popularidade nos corações. E é isto o único que me importava: o que pensavam do padre Steven Scheier. Era isso a única coisa que contava, nada mais. Porque estava só diante Dele e não se pode enganar mais. Ele é o que me conhece. E não pedi sua opinião sobre mim. Ele sabe, Ele sabe. Temos Nossa Senhora. Eu não tinha devoção especial a Ela. Mas desde então, Ela me converteu a tudo. Na Cruz, Jesus olhou para Ela, para o apostolo amado e disse: “Mulher, eis aí o seu filho.” Como se entregasse toda a Igreja. Isso tenho levado muito a sério. Pois qualquer um na mesma situação que eu sofreria as mesmas conseqüências. E experimentaria a infinita misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo. É isto o que experimentei, sua misericórdia graças à sua Mãe que intercedeu por mim. Algo que aprendi desde então. Esta é uma maravilhosa verdade em relação à Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo. Ninguém pode dizer que não existe. De nossa parte, não devíamos temer esta Pessoa. Quando eu digo que era um sacerdote para mim mesmo, não importava absolutamente. O prestigio de sacerdócio, era como quem diz em linha aos companheiros. Não tinha problemas em celebrar a Missa, nem tampouco em escutar a Missa. A Eucaristia não significava tanto para mim quanto para outros sacerdotes. Havia sacerdotes que falavam muito sobre sua primeira Missa. A minha nunca foi assim. Creio que foi a atitude de não ser sacerdote para Deus, não ser seu seguidor e isto significa sofrer. Pois sendo um sacerdote para mim, eu sempre corria da cruz, sempre. Desde então, se corremos da cruz, não esperamos coisas grandes. Elas não são duras, não são eternas e sempre estão aí. Pois eu fui um covarde nesses 12 anos, fui um sacerdote que tinha pouco treinamento na espiritualidade em minha vida no Seminário. Apesar de terem passado 12 anos, não havia nenhuma espiritualidade, ao contrário, estava como um aluno no Seminário, não estava preparado para o tipo de vida de um sacerdote. Esta vida é de sacrifício. E eu não era um sacerdote, não pude ser um sacerdote. E a sentença que recebi no final dos comentários de Nosso Senhor não foi tanto sobre meu sacerdócio, pois havia os outros Mandamentos. E há sacerdotes que estão desobedecendo os Mandamentos. A minha vida de sacerdote só foi como decorar um papel. Mas o papel estava podre. E o decoração estava amarga. Esses foram os 12 anos em que eu fazia o papel de um sacerdote. Tudo tinha que me dar segurança. Minhas homilias, a vida em que vivia na paróquia, os comentários das pessoas, tudo isso serviu para me engrandecerem. Se não me engrandeciam, eu sofria. Havia maneiras de escapar disso e todos temos maneiras de como escapar de dores. E eu tomei alguns caminhos próprios de como escapar dessa dor. Os sacerdotes cometem seus pecados como qualquer outra pessoa. Minha missão especial é dizer aos sacerdotes que também estamos expostos ao Inferno. E que o Inferno existe. Mas também existe a divina misericórdia. O amor de Deus é maior que a justiça. O conselho que eu daria a qualquer sacerdote recém ordenado é que sejam sacerdotes ao serviço de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sejam sacerdotes de oração. Onde vale a oração, vale o sacerdócio. E não devemos ter medo de dizer as coisas tais como vemos e como devem ser. Isto não nos tornará populares, mas faz parte de ser seus seguidores. Jesus nunca prometeu que seremos populares sendo seus seguidores. Ele só prometeu cruzes. Mas Ele está aí. Sua Santíssima Mãe está aí para nos ajudar. Um amigo me disse que um sacerdote sem oração está morto. Um sacerdote sem o Santíssimo Sacramento está morto. Um sacerdote sem a Santíssima Mãe está morto. Eu aprendi minha lição. E Deus mostrou a minha ameaça de condenação eterna para chamar minha atenção. No acidente, eu não vi o Céu, não vi a Nosso Senhor, não vi sua Santa Mãe. Eu só os escutei. Naquele momento não havia diferença alguma. Eu me confessava com regularidade. Eu usava este Sacramento como um seguro contra incêndio. No momento do acidente, vi um caminhão em minha direção. Eu me perguntava quantas de minhas Confissões eram válidas, pois não tinha propósito de emenda. Eu sentia dor, mas não era uma dor real. Era um arrependimento interesseiro, pois sabia que se morresse em pecado, minha alma seria castigada pelo Deus Todo Poderoso com o castigo eterno. Esse tipo de arrependimento não é válido. Devemos ter um Ato de Contrição perfeito, pois nem sempre podemos estar arrependidos. Não podemos estar arrependidos só por esta razão. Não é o arrependimento verdadeiro. Eu estava na desafortunada situação de não me importar com coisas que não deveria fazer. Assumi coisas que não deveria ter assumido. Havia tempo para mim. Mas para me converter, para ser um sacerdote, não havia tempo. Tive dois pequenos acidentes. Disse a meu pastor: sinto que haverá outro. O próximo será grande. O Senhor tem suas maneiras de advertir e eu não escutei. Eu não escutei pelo prazer que estava experimentando e não estava disposto a permitir que me mudasse.”

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