sexta-feira, 1 de abril de 2011

SENTIDO da QUARESMA

Ao longo dos milênios a nossa Igreja Católica tem celebrado com especial amor e vigor os quarenta dias que antecedem à Páscoa da Ressurreição. Trata-se de um tempo em que todos os católicos são convidados a uma profunda reflexão e revisão de suas vidas, até porque este é também um tempo de graças especiais, infinitas mesmo, que são derramadas por Deus sobre todos aqueles que a vivem com humildade, amor e fé.

Este tempo especial tem a ver especialmente com a nossa salvação. De fato, por Adão e Eva caímos no pecado, mas pela Cruz de Cristo recebemos a graça da redenção. O fato é que a Quaresma nos chama exatamente a esta Cruz misteriosa, à qual também nós somos chamados a viver em parte diminuta e extrema, colaborando com Aquele que por nós deu a vida, e Vida Eterna. O simples fato de que sem a Cruz estávamos fadados à perda eterna, porque o pecado nos afastou de Deus e do Céu, isso já deveria nos motivar a levarmos nestes dias – pelo menos nestes dias – uma vida de mais austeridade, mortificação dos sentidos, jejuns e penitências, além, é claro, da busca dos Sacramentos com maior amor e mais profundidade.

A Quaresma é um tempo do nosso deserto, como Jesus que se mortificou por quarenta dias antes de dar início à sua vida pública. Nossa alma é verdadeiramente um deserto, e tão mais árido é, quanto mais distante da Cruz Redentora. Da Cruz brota então a vida! Dela brota a Água Viva, aquela que nos lava e purifica interiormente para as núpcias do Cordeiro. Como sinal desta mortificação interior, deveríamos também nestes quarenta dias externamente usar de sinais perceptíveis, menos risos, menos festas, que denotassem uma inteira entrega nas mãos de Deus. Nas vestes, no corpo, tudo deveria lembrar-nos do Calvário que todo ano se repete, e já chega. Isso quando muitos querem chegar à festa da Páscoa, sem passarem antes ou nunca pelo Getsêmani, pelo Calvário e pela Cruz.

Realmente, como Jesus no Getsêmani, ainda que minimamente, nós deveríamos todos mergulhar mais profundamente em nossa alma, buscando uma intimidade maior com o Deus que salva, e sem o Qual não existe vida, nem graça. Nenhum católico deveria deixar passar este tempo sem uma profunda revisão de vida através do Sacramento da Confissão, coisa que infelizmente parece ter sido esquecida. Isso acontece porque os responsáveis pela nossa Santa Igreja já não veem necessidade da confissão sacramental, por haverem decidido – por sua conta e risco – que “o pecado não existe mais” e que “a confissão é coisa ultrapassada”, porque “Deus é misericordioso e jamais condenaria alguém”.

Nossa Igreja tem cinco mandamentos, que são ordens, aos quais todos os católicos devem se submeter para terem direito ao nome de Católicos, dentre eles há dois que devem ser praticados neste tempo: comungar pela Páscoa, e para isso, confessar-se ao menos uma vez cada ano... Ora são bilhões os "católicos" que já não cumprem estes dois preceitos – que já são mínimos – e, devido a isso, estão em pecado grave, e se comungarem cometem sacrilégio, e assim bebem sua própria condenação (I Cor 11,29). Então fazer cumprir estes dois preceitos por absolutamente todos os católicos - e quem não os cumpre já não se pode dizer católico - deve ser a meta de nossa Igreja neste tempo. Mas não é isso o que está acontecendo hoje. E a cada Páscoa que passa, somam-se novos bilhões de sacrilégios. Como é que o Crucificado suporta isso? Quando é que os nossos pregadores terão coragem de dizer ao povo que descumprir um só dos cinco mandamentos é pecado GRAVE, que os impede de ir à Comunhão, sob pena de sacrilégio?

A Quaresma realmente deveria ser, antes de tudo, o tempo da Confissão Sacramental, onde nossos sacerdotes deveriam deixar de lado todas as outras atividades menos importantes – claro sempre a Missa na frente – para dedicar-se, com afinco, à faxina das almas. Coisa que cada vez mais raramente se encontra, se é que ainda existe uma Paróquia onde isso é seguido. Muitos sacerdotes se puderem, escapam de confessar e de confessar-se. Na imensa maioria dos locais faz-se uma maquilada “confissão comunitária”, porque o sacerdote alega que é muita gente para atender e ele tem coisas muito mais importantes para se dedicar. Quando é exatamente no confessionário que ele se santifica. Que terrível decisão! Que tremenda subversão de valores!

De fato, sem uma profunda confissão, sem um mergulho no mais íntimo de nossa alma e sem uma humilde busca do sacerdote, para buscar e lhe conceder o perdão em nome de Jesus (João 20, 23), não há como se falar em conversão, nem em Quaresma. Tudo tem sido levado num ritmo crescente de banalização, e o abismo, que aqui vejo, é o mesmo daqueles que trocam a Cruz pelo coelho de páscoa. Trocam a mortificação dos sentidos pela vida da natureza! Trocam a mortificação da carne por alguma versão mais light dos vícios! Trocam a vida da alma pela vida terrena, no que decididamente derrubam a Cruz de suas vidas e a transferem novamente para os ombros de Jesus!

Quaresma é um tempo de oração, de pensar também em Maria que, aos pés da Cruz, nos recebeu como filhos adotivos, ela que, em meio aos mais inauditos suplícios, viu seu Filho dar a vida por nós, presenciou seu tremendo martírio. Maria sempre nos levará para seu Filho Jesus, e não existe Jesus sem Cruz, ambos são inseparáveis, até que se complete o tempo desta primeira condição, a de pecado, e adentremos no novo e misterioso mundo que vem, também pela vitória do homem sobre o inimigo. Sem a Cruz jamais conseguiríamos este feito, pois está escrito que a Mulher e sua geração esmagarão a serpente. A Cruz esmaga o poder dos infernos! Ela desvenda as artimanhas da serpente! Quaresma é tempo de Cruz!

É uma serpente que hoje, mais do que nunca, está ativa, e viva, e age, depois de milênios de contínuos conciliábulos. De fato, nunca, como em nossos tempos, especialmente nos últimos quarenta anos, presenciamos um tão tremendo desvirtuamento do sentido do tempo quaresmal. Já não é mais um tempo de conversão para a vida eterna, mas o tornaram em tempo de apreciação e proteção da vida terrena. Já não é mais um tempo de olhar para a Cruz de Jesus, mas o transformaram em tempo de olhar caolhamente para as cruzes dos homens, num repelente sentimento de condenação ao próprio Deus, como se Ele fosse o culpado pelas mazelas humanas, das quais unicamente o homem é causa e execução.

Neste sentido, Maria, a Mãe de Deus, é trocada acintosamente por Gaia, a deusa terra. Dizem que a terra é a mais perfeita das criaturas, no que colocam a Mãe de Deus em plano inferior. Com isso idolatram a terra como fosse criatura viva, autossustentável e independente do Criador. Isso é pura idolatria, é panteísmo! A Cruz redentora de Cristo é trocada pela reles cruz dos pobres e dos marginalizados. Eles só se encontram neste estado exatamente porque se afastaram da Cruz - não querem nem trabalhar - e se afastaram daquele Único que lhes pode dar vida em abundância, porque lhes dará antes fartura de vida Eterna. E Ele lhes conseguiu isso por sua Cruz. Neste sentido eles trocam a Água Viva, que jorra do peito aberto de Jesus, pela água do planeta, quando, exatamente por causa deste desatino, suas fontes mais e mais secam, porque delas o homem afasta o Criador, orgulhosamente assumindo ele mesmo as rédeas da transformação.

Ó mísera criatura, que canta pateticamente em seu mantra “Depende só de nós”! Depende só de nós! Como se o homem tivesse os poderes infinitos e necessários para decifrar as infinitas combinações que mantêm a natureza inteira absolutamente nas mãos do Criador. Disso resulta uma inominável afronta ao Criador da Vida e do Universo, porque endeusa o homem – mísera criatura – e coloca-o ao mesmo nível Daquele que mantém todas as coisas. Dá-se aqui então um repulsivo casamento entre o homem que se faz um deus, e a terra, a deusa gaia, aquela que diz a mitologia ter uma capacidade absurda de geração de vidas. Não, sozinha ela não gera vida, apenas morte! Esta é então uma campanha pela morte! Morte da Igreja! Morte das almas! Quer combater o veneno que mata, bebendo mais dele!

Na verdade, a terra em si não é mãe de coisa alguma, porque nada do que nela existe vem de si mesma. Ela não é um organismo vivo e independente, mas um instrumento de uso do Criador que é capaz de reunir alguns quilos de partículas de diferentes minerais, com alguns litros de água, e por em crescimento seres vivos, animados e inanimados. Mas isso jamais acontece por algum atributo excelso desta pretensa deusa, antes e somente acontece pela força criadora e mantenedora do único Autor em perfeição de tudo o que existe. O homem por si mesmo ou a humanidade inteira, toda ela colocada na balança não passa de vento – diz o salmista - jamais serão capazes de suster os movimentos do planeta em que habitamos.

De fato, como podem dizer que depende só de nós? Onde está o poder de deter os terremotos e tsunâmis? Onde fica a força capaz de deter a fúria dos vulcões instigados pela loucura humana? Onde está a capacidade de deter os ventos e controlar e evitar as tempestades? Onde fica o poder de deter a ação do sol que queima hoje como nunca, devido aos desmandos da gananciosa atividade humana? Onde está a capacidade de deter as volumosas correntes marítimas mil vezes mais poderosas do que os próprios furacões, uma vez que elas próprias os geram? Onde fica o poder de deter o planeta que treme, a terra que se abre e engole edifícios, as cidades que desabam e tudo isso ceifando um número cada vez maior de vidas?

Depende só de nós, diz o patético mantra, gritado por tantas bocas que não sabem o que falam, por gente que não entende o sentido sórdido que pode se encontrar atrás de belas frases, às quais o demônio é pródigo em fabricar. Acaso depende do homem o evitar que as chuvas em excesso prejudiquem as colheitas e que a seca deixe mirrar as espigas e sufocar os grãos? Acaso compete ao homem preservar as espécies animais, quando Deus mesmo as decreta por extintas? Que cinismo este de falar num Deus Onipotente, se Lhe tiram todo o poder transferindo a si mesmos as capacidades de resolver tudo!

Sim, o homem é pó e ao pó haverá de voltar. E é isso que devemos meditar na Quaresma, tempo de um novo Crisma. Tempo de meditar onde nós falhamos quanto ao Batismo e à missão sublime que recebemos de buscar o eterno, de crescer em graça e santidade e de levar junto conosco todos aqueles que Deus em sua bondade nos confiou. Tempo de recolher-se e rezar diariamente o Terço em família! Quantos são os nossos pastores e responsáveis maiores pela nossa salvação, que realmente se empenham na busca dos valores maiores, da vivência santa de todos os Sacramentos, neste tempo quaresmal, cumprindo assim a única missão que Deus lhes confiou? Quantos, ao contrário, chegam a combater a oração e o Rosário! Isso quando uma simples Ave Maria vale mil vezes mais do que obras da periferia, às quais Deus não pediu, nem encarregou a Igreja de fazer.

Que fará o Juiz com estes pastores, que, além de não guardarem o rebanho, ainda os atiram na boca dos lobos das seitas, quando deixam de atendê-las em nossa Igreja, quanto àquilo que elas realmente buscam: o Pão da Vida Eterna! A Água viva da reconciliação, cuja fonte brota unicamente do lado aberto e misericordioso de Jesus, nosso Deus e Senhor! Que fará Jesus, quando retornar em Glória, ao ver seu rebanho disperso, as ovelhas nas mãos dos lobos, famintas, sedentas daquele Alimento Santo, o Único que sacia e para todo o sempre? Qual será o custo em varadas, por uma alma não atendida em confissão?

O que irão alegar os pastores em sua defesa? Oh! sim, Senhor, nós catamos o lixo das cidades e limpamos os rios dos detritos! Nós cuidados dos micos e dos animais em extinção! Nós tratamos das florestas que estão sendo derrubadas! Nós combatemos as multinacionais e o agronegócio. Nós cuidamos dos pobres de bens! Nós cuidamos da água do planeta que está escasseando e ameaça nossa vida. Nós preservamos as tartarugas, adotamos sapos como animais de estimação e demos comida aos vira-latas!

Mas eu pergunto: Acaso estas coisas pesam na balança o peso de uma alma? Se nem o Universo inteiro, com tudo o que ele contém, vale mais do que uma só e cada uma delas? Milhares deles chegam ao Juiz de mãos vazias! E precisam cair de joelhos! E quanto choro! Quanto lamento por causa de tantas falsas teologias. Sei que nem todos os sacerdotes e bispos compactuam com esta desgraça, e muitos só mencionam a campanha por obrigação. E na gente, não sei se dá vergonha ou certa repugância, ter que ouvir mantras tocados em ritmo de marcha durante a Santa Missa, e de ouvir as verdadeiras blasfêmias que esta coisa ruim causa para nossa Igreja. Vejam!

Mas por acaso não é o homem quem produz o lixo e causa os detritos? Por acaso e por outro lado não é Deus quem cuida dos micos e dos animais? Por acaso não é Deus que cuida da água, e se nos falta água é porque nos falta Deus? Por acaso Deus nos pede para cuidar dos cães vadios mais do que dos filhos Dele, dando-lhes mansões para habitar, clínicas e mordomias jamais dadas aos filhos, ou nos cabe zelar pela vida humana, superior, e realmente infinitamente superior em relação aos seres impensantes e sem alma imortal?

Sim o trato, o não maltratar os animais, nunca, porém, elevá-los a uma categoria de seres superiores aos homens. E se uma espécie se acaba, Deus cria outra. Ele continua criando ainda hoje! E se não cria mais homens é porque esta parte da nossa Igreja que defende a água, os micos e os sapos, se cala covardemente diante das tenebrosas leis do aborto que ceifam entre nós milhares de vidas humanas. E não me venham dizer que escrever uma cartinha manhosa ao Congresso seja defender a vida, porque para este tipo de coisa abjeta diz o Apocalipse eu "cuspo fora de minha boca". Vejam a desgraça...

Recebo aqui a chamada “via sacra” que desejam os responsáveis que a rezemos durante a Quaresma. Digo e não temo: a primeira coisa que os responsáveis por este absurdo, e por tudo o que vem desta campanha fizeram foi expulsar o Espírito Santo da sala da reunião, e proibi-LO de forma terminante, de interferir em um só momento. O absurdo é tão brutal, tão cego, tão desvirtuado que não restam dúvidas, muito mais atuou o inimigo naquela sala, do que houve qualquer amparo do Céu. Acho que até os anjos da guarda deles foram expulsos dali, e não me surpreenderia se eles não tivessem feito uma só oração antes de começar. Sei do que falo, porque já fui testemunha do que acontece nas reuniões desta gente, que não reza nem uma Ave Maria na entrada, nem na saída.

Na primeira estação, dizem que Jesus sofre por causa do aquecimento global e com a desertificação. Não deveria ser por causa do coração desertificado dos homens? Na segunda, dizem que Jesus sofre o Calvário por causa os animais em extinção! Não deveria ser por causa do homem que está sendo dizimado pelo aborto, pela esterilidade gay, pela contracepção e a luxúria desenfreada? Na terceira estação, eles pedem a Jesus que nos dê forças para lutar pela vida do planeta! Não deveriam pedir para termos forças de lutar pelas almas que morrem de inanição espiritual pela má catequese que se ministra em quase todas as dioceses do Brasil?

Na quarta, pedem a Maria que os ajude a lutar por melhores condições de vida do corpo. Acaso não deveriam pedir forças para lutar pela vida da graça? Na quinta, dizem que uma espécie animal que desaparece quebra a cadeia da vida! Acaso não deveriam deplorar e combater o pecado do aborto que causa a morte? Na sexta, deploram a devastação ambiental! Acaso não deveriam deplorar a devastação do rebanho católico que demanda para as seitas? Na sétima, lamentam que as geleiras estão morrendo! Acaso não deveriam lamentar a frieza das almas gélidas - como as deles - porque não buscam mais a Deus e a salvação eterna?

Na oitava, deploram a exaustão dos recursos naturais! Acaso não deveriam lamentar a exaustão do tesouro da Igreja, que se extingue por falta de oração e adoração? Na nona estação, lamentam as queimadas! Acaso não deveriam lamentar pelas almas que se perdem no inferno, ou vão ao Purgatório devido à falta de uma santa orientação? Na décima, lamentam a escravidão do homem que é explorado! Acaso não deveriam lamentar e lutar pela libertação dos homens que continuam escravos dos vícios e pecados? Na décima primeira, clamam pelo zelo da criação! Acaso não deveriam clamar para terem maior zelo pelas almas e pela conversão dos pecadores?
Na décima segunda – a da morte de Jesus – lamentam por causa das periferias das cidades! Acaso não deveriam levar tais pessoas à dignidade, pela única via possível, a da oração em família e da vida sacramental plena? Na décima terceira falam do agronegócio e dos subsídios! Acaso não deveriam combater a exploração e a ganância pela boa catequese e a formação a que todo católico tem direito? Na décima quarta, repetem que a natureza geme as dores do parto! Acaso a natureza não geme por causa do “aborto” da sua vida longe de Deus? Na décima quinta, se dizem ressuscitados com Cristo! Acaso ações deste tipo dão mesmo direito a uma verdadeira ressurreição, aquela para a vida eterna, não da vida do planeta? Ou seja, o parto deles leva a um aborto, até porque eles próprios estão mortos e matam!

Ou seja: cometem o verdadeiro crime de novamente crucificar a Jesus, subvertendo o sentido profundo da Via Crucis. Nela nos devemos compenetrar do terrível suplício a que submetemos JESUS por causa dos nossos pecados, JAMAIS, como blasfemar diante Dele, e lamentar como se Deus fosse o culpado por todos os males que causamos ao planeta. E, de fato, isso troa diante do trono do Altíssimo como uma acusação, jamais como uma prece, nunca como fonte de graças. Via Sacra é reconhecimento unilateral, firme e decidido de nossa imensa culpa, dos nossos pecados, é um lamento profundo, é grito de arrependimento por nossas contínuas blasfêmias, ofensas e sacrilégios, que continuam a crucificar Jesus. Ou seja: terra, água, planeta, animais, exploração, nada disso deve ser introduzido numa verdadeira Via Sacra, a não ser que decididamente se deseje, mais uma vez, cravar Jesus a ferros e erguê-Lo no alto do madeiro. É o que fazem! Que Deus tenha pena de suas almas.

Porque, sem dúvida, os responsáveis por estes desvios cederam ao jogo de seduções do inimigo das nossas almas, cegando-se de propósito para os valores infinitos e eternos. Com isso bilhões de católicos – filhos e filhas do Senhor e Criador do Universo – deixam de receber dilúvios infinitos em graças e bênçãos, às quais, uma vez rejeitadas, transformam-se em maldições. Sim, eis que mais e mais desaparecem espécies vivas, mais e mais se esgotam as nascentes, mirram-se os córregos, e se assoreiam os rios, além do que tantos deles envenenados já não podem mais comportar a vida, porque a ganância furiosa já se sobrepõe a tudo e a todos. Mas a ela ninguém combate, antes combatem aqueles que alertam quanto a isso, taxando-os de inimigos do progresso. Que progresso? Aquele que conduz à morte e morte eterna?

Por isso, o homem terra, ficará na terra! Porque a venera, e tem apenas para ela voltado os seus olhos, ouvidos e sentimentos. Quem quer terra, apenas terra, passa fome e sede, porque busca apenas o resto, não o essencial que é Deus. Felizmente a bondade infinita do Criador, pode até resgatar estes incautos, porque o Grande Pai, mesmo sabendo que eles não merecem, acaba tendo misericórdia deles e lhes dá um casebre, um pequeno lugar no paraíso, visto que, decididamente, não merecem nada mais que isso! E eles, que tanto amaram a vida neste planeta, serão os que verdadeiramente partirão daqui, e para sempre, não lhes sendo dado o prêmio espetacular de viver a vida plena ainda aqui, com seus corpos, conforme o plano inicial Daquele que nos criou. Hereges não viverão para ver e viver isto!

Sim, a Nova Terra será do homem celestial, daquele que agora neste tempo quaresmal mergulha para dentro de sua infinita miséria, e se apercebe necessitado do perdão de Deus e dos homens. A Nova Terra será dos homens e mulheres que vivem hoje com profunda devoção, amor e fé ardente, os Sacramentos da Igreja, alimentando-se dignamente Daquele Alimento Santo, Deus Vivo, de Jesus, Ele, a Missa, Ele, a Eucaristia. Somente estes terão a fortaleza para transpor os tremendos obstáculos que nos aguardam adiante, pois estes mesmos Sacramentos lhes darão “asas” para passar por cima de todos eles. A Nova Terra será dos mansos e humildes, que carregam a sua cruz de cada dia, vivem seu pequeno e quase insignificante calvário, sem reclamar, mas com amor e plena aceitação. Ela nunca será dos que rejeitam a Cruz agora, menos ainda dos que desvirtuam a Quaresma.

Oh! quantos rios infinitos de graças se perdem com a ação dos homens terra, conduzidos por pastores apenas terra, apenas pó e miséria, os que tanto buscam esta água que, bebendo dela, sempre nos aumenta a sede, já não mais aquela que sacia eternamente. Misterioso tempo este, e tempo final, de uma batalha insana, infrene, e que nos parece tão desigual, onde os que buscam a eternidade são vistos como loucos e anormais, e os que vivem a terra se elegem por doutos e inteligentes. Este é um sinal, e sinal claríssimo da apostasia predita por São Paulo, em Tessalonicenses II. “Primeiro terá de vir a apostasia e manifestar-se o filho da iniquidade”...

Ora a disposição de buscar a terra ao invés do Céu é exatamente ordem do filho do mal, do homem da iniquidade, aquele que se levanta contra tudo o que é divino e sagrado, e que se haverá de sentar no trono de Deus, ao seu tempo. Afinal os profetas antigos previram que a fera seria ecologista, e hoje esta parece ser a doutrina do homem terra, daquele que se acha capaz de controlar as infinitas combinações que regem o infinito criado. Poucos são, e raros mesmo, aqueles que se acordam para esta tremenda realidade, e milhares os que se deixam levar pela face aparente do monstro, pois já se tornaram incapazes de lhes olhar as costas, onde arde o fogo, impera a maldade e reina o ódio. Tudo o que ele faz visa à perdição!

E, decididamente, desvirtuar o sentido divino do abençoado tempo da Quaresma, enveredando pelos descaminhos do homem terra, visa exatamente fazer perder as almas, porque até este curto tempo de meditação é subvertido e destruído, para a ruína das almas e a perdição eterna de muitos, porque faz perder tesouros que salvam! Porque mata nas almas o desejo da vida Eterna, em troca da oferenda vistosa, e venenosa, dos benefícios finitos da sua deusa gaia. Trocam a vida humana pela das bestas. Trocam a Cruz, que salva, pela água que se esvai! Trocam os Sacramentos, que dão vida eterna, pelas ações que aqui ficam. Enfim, como os tempos se esgotam, os responsáveis por estas malsinadas subersões não terão outra chance de converter nossa nação. No próximo ano, por esta época, estaremos já nas garras do anticristo, e certamente eles estarão do lado da fera. Nós NUNCA!

Filhos e filhas de Deus, oh! quanto tantos subvertem e diminuem o poder do Altíssimo. O fato é que Deus, se fosse Ele invocado e adorado pelos milhões que hoje demandam a terra, num átimo, num abrir e piscar de olhos, Ele mesmo faria brotar água puríssima do seio das rochas, verter mel delicioso das pedras, e extrair manadas de animais do pó da terra, tudo isso a olhos vistos. Oh! como desprezamos e depreciamos este Poder Criador! Oh! como fazemos pouco caso deste Pai tão carinhoso, cujo Amor Infinito por nós, nos deu Seu Filho muito amado, em resgate por nossos pecados. Pecados que se avolumam, se agigantam hoje, e o maior deles hoje é, sem dúvida, o desprezo, o abandono daqueles que, recebendo tudo, ignoram acintosamente a imensa cadeia de benefícios que recebem. Sem merecer!

Quanto aos que entendem este mistério, os que vivem sua pequena cruz, os que fazem da Quaresma um tempo verdadeiramente santo e voltado para a alma, para o interior, e que vivem a cada dia sua própria conversão, a estes um pedido: rezar pelos que não rezam! Rezar pelos que desvirtuam o sentido da Quaresma! Rezar pelos que escolheram a terra e fazem pouco do Céu!

Terminemos com as sábias palavras de Sua Santidade o Papa Bento XVI, pronunciadas na última quarta feira de cinzas: Que a Virgem Maria, que após ter compartilhado a Paixão dolorosa de seu Divino Filho experimentou a alegria da ressurreição vos acompanhe nesta Quaresma até o mistério da Páscoa, revelação suprema do Amor de Deus. Boa quaresma a todos!
Aarão

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