"Que é isto, meu Deus? Que lucro pensamos tirar em contentar as criaturas? Que nos importa ser condenadas por todas elas, se diante do Senhor estamos inocentes? Ó minhas irmãs, nunca acabaremos de entender esta verdade!... E assim nunca acabaremos de chegar à perfeição, se não andamos considerando muito e pensando o que ela é e o que ela não é!
Nunca penseis que o bem ou o mal que fizerdes há-de ficar oculto, por escondidas que estejais. Pensais que faltará quem tome a vossa defesa, ainda que não vos desculpeis? Vede como o Senhor respondeu pela Madalena em casa do fariseu, quando sua irmã a culpava. Ele não vos levará pelo rigor como fez consigo mesmo, pois quando teve um ladrão a tomar a Sua defesa, estava já pregado na cruz.
Assim, Sua Majestade moverá a quem tome a vossa defesa, e, quando não o fizer, é porque não será necessário. Isto o tenho eu visto e é assim, ainda que não quisera que se preocupassem, mas antes folgásseis de ficar culpadas. E, do proveito que vereis em vossa alma, o tempo será testemunha.
Porque quando se começa a ganhar liberdade, tanto faz se falam mal ou bem de vós, antes parece ser negócio alheio. É como quando estão a falar duas pessoas e, como não é conosco, estamos descuidadas da resposta.
Assim também, com o costume que tomamos em não responder aos outros, é como se não falassem conosco. Isto parecerá impossível aos que são muito sensíveis e pouco mortificados. No começo é difícil, mas eu sei que se pode alcançar esta liberdade, negação e desprendimento de nós mesmos, com o favor do Senhor" (Santa Teresa de Jesus, Caminho de Perfeição).
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